Paira no ar, diferentemente das eleições passadas, uma série de incertezas. Acho até natural. Vivemos, como revela Bauman, a era da modernidade líquida de um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível. O processo eleitoral não poderá ser diferente. É assim nos EUA, como aqui na capital secreta. Tanto que, anda rolando, com avidez, por todo canto, pesquisas de intenção de votos para prefeito.
Mas, a essa altura, você tem uma tendência,
mas separada por um tempo, no qual tudo
pode mudar. Mas o eleitor, assim como o analista, tem o direito de fazer a
leitura do momento, embora nem todo mundo gosta de ouvir verdades. Ferraço é favorito hoje? Seria um leviandade
dizer que não. Traz um bom recall de sua vida política. Mas e os outros
candidatos?
Os assessores e marqueteiros, com convicção,
alegam que tudo vai sofrer mutação, sem, por óbvio, demonstrar a razão. Claro
que isso pode acontecer. Mas, que me perdoem os donos da verdade, o governador
Casagrande, querendo ser muito esperto, cometeu um erro ao classificar nomes de
candidatos que receberiam seu apoio aqui em Cachoeiro. Não cunhou prestígio, mas desavenças. A
primeira vez que assisti a um erro em sua trajetória política.
Para qualquer um que não entenda de
política, revelou que Ricardo Ferraço tem uma espécie de comando político da
situação eleitoral de Cachoeiro. Por
exemplo, não era isso que esperava, por exemplo, Lorena Vasques ou mesmo Carlos
Casteglione. Ou é esta mesmo a sua intenção, ou foi um vacilo imperdoável? Está
influenciado por pesquisa? Foi uma declaração desnecessária, mesmo que
verdadeira.
Ora, o governador tem tarimba para sair dessas
perguntas, preservando sua isenção e sua boa relação com os outros candidatos.
Foi um momento infeliz que se ampliou demasiadamente.
Queria dizer também, acompanhando as
pesquisas sérias e científicas, que Lula e Bolsonaro vão influenciar pouco nas eleições.
Um novo quadro aparece na tela. Mas, quem vai de casa em casa e conversa com
amigos, entende que a população quer mesmo é qualidade de vida. É preciso que
os candidatos identifiquem o que é qualidade de vida para o eleitor.
O que quero tentar resumir aqui é que, com a
entrevista do governador, ele, paradoxalmente, só beneficiou um pré-candidato: Diego
Libardi. E, ao que me parece, é o único que ele não apoiaria. Não porque ele
recebe apoio dos dois deputado – Alan e Bruno – mas porque ele escolheu o
eleitorado certo: o jovem. Embora um pouco arrogante, se comunica bem. É “filho
político” de Ferraço, hoje adversário visceral.
Claro que a entrevista do governador atingiu
frontalmente – tanto Lorena, que é de seu partido - como Casteglione, que tem trânsito livre em
seu governo, é do partido do presidente da República e foi seu secretário. Porém, o governador é habilidoso e faz um bom
governo. Tem tempo para mudar o erro que cometeu. Se estiver convencido do que
fez está certo, é só andar pelas ruas. Vai
ter outro cenário, diferente do que imagina.
De uma coisa pode estar certo: Libardi
partiu pra cima de Ferraço. Está,
inteligentemente, tentando polarizar a eleição, em prejuízo pra Lorena, de seu
partido, e Casteglione, candidato de Lula. Mas ainda tem um tempo para estancar
essa sangria...