Normalmente a movimentação política sempre cresce na Festa de Cachoeiro. É um abraço aqui, outro abraço acolá, poder-se-ia dizer que, como Vinicius de Moraes, a política é a arte do encontro. O fato de o prefeito Victor Coelho se encontrar afastado da movimentação, por motivo de doença, incomoda seus partidários porque cria um vácuo. Não que o vice, Rui Guedes, deixe de preencher o espaço. Pelo contrário.
É justo que pondere: Lorena também lotou o Jaraguá. E Ferraço ainda não fez seu lançamento. O que quer dizer isso? Dizia um velho conselheiro, o que interessa não é o que o adversário quer fazer; o que interessa é saber o que o adversário pode fazer. O objetivo do adversário é relativamente secundário. O importante é saber com que elementos ele conta para realizar seus objetivos. E isso não está claro.Isso, aliás, é o que a política ensinou na minha vida profissional. Lorena tentou mostrar o que pode fazer usando o lançamento de sua pré-candidatura no Jaraguá. Foi o primeiro impacto. Agora, o que se vê, é o que Diego Libardi pode fazer com as pessoas que reuniu no Bom Gosto. Nessa sequência, os próximos pré-candidatos. No fundo, a maior espera, é o que Ferraço fará com apoio do pessoal do granito. Tudo isso, que me perdoe o leitor, dentro das premissas aqui expostas. O PT, com Carlos Casteglione, é uma incógnita.
Mas, o que se sente falta, até agora, é de um discurso mais propositivo. Não adianta dizer, por exemplo, que, no âmbito do município, por exemplo, nada se pode fazer para alterar o quadro de distribuição de renda interna no país e eis aí um dos fatores causais de muitas mazelas urbanas, como ensinou Jaime Lerner. Mas, aí sim, se pode propiciar condições de melhorar a distribuição indiretamente ou balancear com vantagens adicionais. A cidade não tem condições de aumentar salários, mas pode oferecer serviços que contribuam para diminuir as diferenças.
Ensinava Lerner que é fundamental eliminar custos evitáveis para cada cidadão, ao propiciar-lhe crescente acessibilidade aos serviços básicos, por exemplo. E mais: fundamental que se integre as funções urbanas, ao invés de separá-las, ampliando ao máximo o sentido da palavra, digamos, vizinhança.
Só assim se estará estimulando a criação de comunidades internas, onde os equipamentos urbanos não são a expressão do que se imagina ou se implanta de cima para baixo, mas que sejam resultado da participação direta daquela população em favor dela mesma.
Lamentavelmente, não se sabe ainda o plano de governo de cada um. Por enquanto a grande preocupação é com o volume da campanha. Mas, confesso, o que tenho ouvido fora da disputa do resultado eleitoral é que está faltando um plano de governo que seja compreensível à população. Aí que mora a verdade e o valor da luta eleitoral.