O deputado Ferraço está exultante com a aceitação, que parece definitiva, do vereador Juninho em compor sua chapa, na condição de vice, para disputar o pleito municipal. A estratégia é bem urdida, com a clara participação não só de seu filho, Ricardo Ferraço, hoje vice-governador, assim como os empresários do mármore granito. Segundo os bastidores, no mínimo, conta com uma espécie "participação de neutralidade" do governador Casagrande. Se verdadeira, é uma situação política delicadíssima. Vai render polêmica, por certo...
O que representa dizer, no mercado político, que, hoje, obviamente, Ferraço é tido como favorito. A não ser que cometa erros em excesso ou o prefeito Victor Coelho tenha uma fórmula estratégica contrária, que, aliás, precisa ser bem costurada. Ferraço, por precaução, velho estrategista, trouxe para o seu lado o vereador bolsonarista Júnior Corrêa, assim como o poder econômico que ressoam das pedras.
Em entrevista às redes e jornais, Juninho teceu alguns comentários sobre a sua meia volta em ingressar na atividade sacerdotal. Em verdade foi só e tão somente um jogo político, bem armado, ou, mais especificamente, um forma de ocupar espaço na mídia. Uma espécie de suspense. Não quero dizer com isso que ele não tenha vocação. Deu a intepretação político-eleitoral que melhor lhe coube. Com isso vem se cacifando para voos políticos maiores. Fora da igreja.É preciso que fique claro, a par desta exposição, que Casagrande, ao mesmo tempo, está de olho nesse jogo. Juninho não é um seu parceiro ideológico. É um bolsonarista de raiz, uma direita que anda em alta em algumas partes do mundo. Quer dizer, ostenta uma bandeira ideológica contra tudo que o governador pregou em sua vida política. Aí, talvez, more o primeiro obstáculo a ser vencido por Ferraço e que abre uma fresta para o prefeito Victor.
O que tem de diferente no lançamento de Ferraço? A derrota dele para Casteglione, no passado em disputa pela Prefeitura, o fez um político mais precavido. Amarrou sua candidatura com o bolsonarismo de Júnior. Mas, ao mesmo tempo, acentua, por oportuno, em entrevistas, que "vou dialogar com todo mundo, sobretudo com o presidente Lula". Mas, ao mesmo tempo, pode encontrar tropeços na eventual candidatura de Ricardo Ferraço ao governo do estado. Aí entra o cuidado de Casagrande com seu futuro...
Bem... dito isso, o que me parece o óbvio, está em seus calcanhares a candidata Lorena Vasques com todo o seu vigor dos trinta e poucos anos. É o vigor em luta contra a experiência de mais de 60 anos de luta política em todos os níveis. Ao lado da candidata está o prefeito Vitor Coelho, que a escolheu, com seu jeito discreto de ser. Hoje, bem mais amadurecido, com sua capacidade de ouvir mais que falar, promete entrar de cabeça na campanha. Pagar pra ver...
O que preciso dizer, em respeito à inteligência do leitor e a isenção do cronista, é que não trabalham aleatoriamente. Seguem um ritmo imposto por verdades reveladas nas pesquisas. Se, por exemplo, Lorena deu preferência a ir ao encontro do povo com as obras de Victor, fê-lo também costurando tecnicamente um plano de governo. Ferraço, por sua vez, joga com o seu currículo de "grande realizador", além de obras exigidas pelo empresariado do setor de rochas Por sua vez, Carlos Casteglione deposita todas suas fichas no presidente Lula, que anda em briga com o dólar... Aliás, briga feia. Bem, resta a outra via: Diego Libardi em busca do voto jovem...