O ministro Barroso comentava outro dia que outra decisão importante do STF, a meu ver, é relativa à célula tronco. Este foi um dos primeiros casos em que se confrontaram a visão secular e a visão religiosa da vida. O STF, em apertada votação por seis votos a cinco, considerou constitucional o dispositivo da Lei de Biossegurança que autorizava e disciplinava as pesquisas científicas com embriões humanos resultantes dos procedimentos de fertilização in vitro, desde que inviáveis ou congelados há mais de três anos.

Ora, parte das células encontradas em embriões até o 14º dia após a fecundação pode se diferenciar em qualquer dos duzentos e dezesseis tecidos que compõem o corpo humano, constituindo uma importante fronteira de pesquisa médica e oferecendo perspectiva de cura para doenças que vão das lesões medulares até o diabetes, passando pelas distrofias musculares e o mal de Parkinson. O STF entendeu que a destruição de embriões nessa hipótese - embriões que seriam, de todo modo, descartados em algum momento - não violava direito à vida nem o princípio da dignidade da pessoa humana.

Pois bem, a concretização do golpe com a eleição de Lula, isto é, o golpe da democracia foi obstaculizado pelo TSE e pelo STF. E a reparação necessária no patrimônio público, assim com a apuração e punição nos responsáveis só acontece por temos um Poder Judiciário funcionando exatamente dentro da Constituição, sem medo ou arreglo. A filosofia bolsonariana impunha esse medo na população e seus seguidores ainda esperam um acontecimento inusitado contra a democracia que só não aconteceu por causa do Poder Judiciário.

O bicho vai pegar agora porque o STF enviou 7 ações contra Bolsonaro para primeira instância.