Enquanto Lula se desdobra para aprovar seus projetos no Congresso, principalmente na Câmara, toda visita que o governador Renato Casagrande faz a Cachoeiro é motivo de muita alegria para o prefeito Victor Coelho. Desta feita foi a vez Ricardo Ferraço, no posto interinamente. E, por óbvio, para a população. Isto porque há sempre registro de liberação de verbas ou anúncio de uma grande obra. Dizem as eternas más línguas, que o governador se traumatizou com o resultado do último pleito, quando o candidato Manato registrou uma vitória: 58.343 x 38.258, isto é, uma diferença de 20.085 votos. Quem diria que isso poderia acontecer? Isso, sobretudo, quando o registro mostra que dos 78 municípios, Manato só venceu em 13 e Casagrande em 64.
Claro que os investimentos de Casagrande atendem às necessidades do município, mas, sobretudo, ninguém poderá dizer que não há uma sombra de medo do futuro. Vencer em Cachoeiro é importante para qualquer político. Sobretudo por daqui irradiam a imagem do governador para o cenário estadual. Com isso, o prefeito Victor também conseguiu traçar um novo panorama político para seu futuro e, sobretudo, abriu um horizonte para a futura eleição para prefeito, aliás, seu sucessor. E também Ricardo Ferraço, de olho na sucessão de Casagrande. Tudo converge no mapa do futuro.
Voltando um pouco. Não precisa alongar no raciocínio ou fazer muito esforço para identificar que os votos de Manato foram, essencialmente, de Bolsonaro. Cachoeiro pouco conhecia Manato e vice-versa. Antes da eleição, é preciso que se diga, Casagrande assumiu uma aliança com o PT, sobretudo por causa das pesquisas que consolidaram a vitória de Lula. Aliás, é de se dizer, o PSB de Casagrande sempre foi um partido de esquerda. Era preciso mergulhar um pouco, à época. Estrategicamente ou não, bairrista como é, o cachoeirense reconhece Casagrande como um excelente governador. É só bater uma pesquisa.
No confronto entre a situação de Bolsonaro, hoje, com mil e uma denúncias, e o governador Casagrande, claro que os candidatos a prefeito pulam para confortável caminhão do governador. Sobretudo se Bolsonaro se tornar inelegível. Essa é uma estratégia delicada, mas precisa ser antevista. Por exemplo - só para tornar o raciocínio mais prático: como se comportará o vereador Juninho, um dos líderes da extrema direita?
Ora, Lula sempre foi considerado pelos apoiadores políticos e adversários, como um líder muito habilidoso nas composições e com grande jogo de cintura. Mas o que se nota, de forma muito clara, é que ele está muito distante da política, e isso se reflete nas dificuldades que o governo está encontrando para arregimentar uma base sólida no Congresso Nacional. Lula mudou os hábitos, mas promete uma completa mudança de rumo. Se isso acontecer, o jogo na sucessão municipal vi ser uma prova de fogo para estabilidade de seu governo.
Por isso, não adianta, no momento, os candidatos a prefeito aqui no estado posarem de papagaio de pirata do governador Casagrande. Mudar de time lá na frente, poderá ser muito tarde. Acho eu.