O deputado Allan Ferreira (Podemos), que já foi vereador à Câmara Municipal, não quer muita conversa: "vou ser candidato a prefeito, se meu partido me apontar, queiram ou não queiram os outros. Sou uma pessoa de decisão porque tenho apoio popular." Deixou claro e foi taxativo em entrevista ao poadcast do Basílio Coelho. Não sei se o temperamento dele é tão decisivo assim ou se, estrategicamente, quis pular aquela velha conversa do "estou pensando; seu Deus permitir; tem muita água pra rolar debaixo da ponte ainda; tenho muita vontade... ". Deu um pulo na frente. Para dissuadi-lo, agora, vai ser um problema, um desgaste político. Jovem na política, mas já fez uma leitura, digamos, mais pragmática. E diferente.
Digo isso porque, em seus calcares, estão pisando, mais de perto, Diego Libardi e Bruno Rezende. Em busca de holofotes - já que Bruno e Allan possuem a ribalta da Assembleia Legislativa - Diego anunciou nas redes sociais que já está ocupando um cargo na Prefeitura de Vitória. Busca a mídia avassaladoramente. O que o leitor não pode perder de vista é que todos eles aspiram ao Poder municipal. Sem esquecer de Braz Zagoto, que esteve sentado na cadeira prefeito por uma semana e é presidente da Câmara.
Um outro dado importante: hoje quem fazia críticas ao prefeito Victor Coelho busca, sem dúvida o seu apoio. Dele e, por óbvio, o referendo do governador Casagrande. A prestação de contas que o prefeito fez na terça-feira à Câmara Municipal agradou a quem assistiu, sobretudo pelo racionalismo das ações e do que pretende executar nesses dois anos que lhe sobram. Sem qualquer exagero o que se vê hoje é um prefeito mais seguro, mais maduro tecnicamente e mais descontraído. O movimento de sua administração vem-lhe oferecendo isso.
Foi extremamente seguro na prestação de contas, sobretudo porque tinha o que mostrar aos vereadores e à população. E mais importante: trouxe de sua viagem uma noção da prática do que é, efetivamente, uma cidade mais humana no conceito geral. Jaime Lerner sempre dizia - e foi um bom conselheiro para Cachoeiro: "quantos planos, neste país, tornaram-se irrealistas por não ousarem encarar a realidade inteira, como um todo?"
No âmbito do município, por exemplo, muito pouco se pode fazer para alterar o quadro de distribuição de renda interna do País e eis aí um dos fatores causadores das muitas mazelas urbanas. Mas se pode propiciar condições de melhorar a distribuição indiretamente ou balancear com vantagens adicionais. A cidade não tem condições de aumentar salários, mas pode oferecer serviços que contribuam para diminuir as diferenças.
Com mais experiência, Victor entendeu, com suas obras e ações, que essencial é buscar o atendimento à maior parcela possível da população, estendendo a ela, como uma atitude permanente, o maior número de benefícios: distribuindo em favor de muitos a valorização do espaço proporcionado a poucos, como decorrência do próprio desenvolvimento urbano.
Enquanto acontece tudo isso, o vereador Juninho, no momento mais cauteloso, se reúne com os seguidores para traçar as diretrizes de sua campanha, também a prefeito. Claro que, nessas discussões, está o futuro do bolsonarismo, que passa por maus pedaços.