A nomeação de Lorena Vasques para acumular a secretaria de Obras e de Serviços Urbanos é extremamente significativa nos meios políticos. O prefeito Victor, além de premiar a competência na sua administração com o trabalho de Lorena, parece definir a candidata de sua preferência para a sucessão. Importante analisar a sequência dos fatos, num silogismo indiscutível.
O governador Renato Casagrande veio a Cachoeiro para inaugurar obras. Ao mesmo tempo em que, prudentemente, pôde dissipar dúvidas sobre um possível rompimento com o prefeito Victor Coelho. A oposição explorou esse pseudo-fato como se fosse uma verdade bombástica. Isso, principalmente, porque o governador não compareceu na Festa de Cachoeiro. A ponto de se afirmar que Victor mudaria de partido.
Ora, essa cisão seria importante para dois lados: para oposição e para o candidato a prefeito que fosse da exclusiva afinidade do governador em contraposição ao do prefeito Victor. Renato não citou Ulisses Guimarães, mas fez a mesma coisa: não se faz política com o fígado. Mais uma vez é a lição: o tempo não perdoa quem não sabe trabalhar com ele. E isso ele sabe. O governador veio a Cachoeiro e, ao que parece, esvaeceu o que seria apenas um rumor ardiloso. Disse que o seu candidato a prefeito será o escolhido do "grupo do prefeito".
Na sucessão de fatos, vem a nomeação de Lorena. Que, a bem da verdade, é por puro mérito. Mérito que, obviamente, só beneficia Victor. Mas também, dialeticamente, produz especulações e reafirma que ele tem candidato. Quando foi atacado na Assembleia, pelo deputado Wellington Callegari, nenhum dos dois deputados saiu em sua defesa, embora pertençam à base de apoio do governador Renato. Como disse, não se trata de revide, mas Victor quer mostrar também que possui candidatos da sua própria administração e de sua confiança. E que, em dois mandatos, soube preparar um sucessor.
Claro que não se trata de uma escolha, digamos, oficial. Isso porque o que não falta é pré-candidatos do grupo: Alan, Bruno, Guedes, Braz, inclusive a Lorena e por aí vai. O raciocínio mais adequado, para se aproximar da verdade, é observar a tática do prefeito.
Para ser rigoroso com os fatos, o máximo que se pode extrair dele, oficialmente, por óbvio, é que vai escolher quem tem mais prestígio procurando equilibrar as naturais mágoas de quem não foi escolhido. E mais: a opinião dos vereadores terá grande peso, quando, por óbvio, não for em benefício próprio. Victor continua acompanhando os fatos com cuidado e com seu jeitão de falar pouco e observar mais. Usa um velho conselho de Evita Perón: "Fale muito sobre as coisas, pouco sobre as pessoas, e nada sobre você".
Por isso, o que se especula, é a existência pesquisa rolando por aí. Sobretudo para avaliar, neste momento, a performance de Lorena Vasquez, que alguns já consideram um fenômeno eleitoral num momento em que a mulher assume protagonismo também na administração pública. Mas é cedo para se extrair um diagnóstico de sua performance política.
Por outro lado, o governador, em sua trajetória, tem-se mostrado um bom estrategista. Por isso, é preciso refletir que ele nunca se confrontará com prefeito Victor. Certa feita escrevi, na imprensa de Vitória, que Victor seria a pessoa ideal para presidir a Amunes, por vários motivos, sobretudo pela confiabilidade. Renato entrou de cabeça na eleição, e o prefeito de Cachoeiro acabou vitorioso. Hoje, o raciocínio não mudou. Casagrande confia no candidato do grupo de Victor. Isso lhe deixa bem à vontade para bancar uma candidata extraída das vísceras de sua administração.