Poucos dias antes de completar 100 anos, o professor - o maior de todos - Aylton Rocha Bermudes se despediu de nós. Com a mesma tranquilidade na qual viveu. Desse modo. Aliás, mestre na mais larga expressão da palavra. Não me atrevo a dizer que nasceu em Fundão. Timbuí é apenas um acidente. Nasceu mesmo foi em Cachoeiro, terra onde plantou sua grande árvore do saber, da cultura, da dignidade. E colheu os frutos. Se o Liceu não chamasse Liceu, por certo teria o seu nome. Viveu os momentos difíceis que Sérgio, seu filho, enfrentou e venceu, com a sabedoria dos fortes. Advogado brilhante, me deixou lições: "não interessa o que o adversário quer fazer. Mas sim o que ele pode fazer". Advogado, professor, Secretário de Estado, Procurador, Conselheiro do Tribunal de Contas. Tudo que fez deixou sua marca pessoal: gênio. Apesar de sua idade, passava os dias declamando os mais de duzentos sermões da famosa a obra do Padre Antônio Vieira. Como Vieira, dizia que "pregar é como semear" e foi por essa forma o professor encontrou um modo de disseminar seus pensamentos. Suas aulas eram um festival de lições para todos.
Pessoalmente digo que perdi o maior mestre. Muito embora seu filho Sérgio, uma espécie de irmão, tenha rasgado, com simplicidade, todas as entranhas da advocacia no seu mais elevado nível de compreensão. O professor Aylton Bermudes faz jus a todas as homenagens, de Cachoeiro e do Estado. Principalmente porque, a rigor, é uma chama que não se apaga.