O atentado contra as instituições democráticas, a rigor, repudiado pelo mundo todo, não tem nada de surpreendente para quem conviveu com Bolsonaro durante o seu mandato de presidente. E também o de deputado. Trata-se de um golpista sem escrúpulos ideológicos, que não reverencia - e nunca vai reverenciar - a democracia ou o estado de Direito. Lula e seu staff, inebriados pela vitória, marcaram bobeira. Só agiu adequadamente - e aí fez tudo certo, unindo todos poderes, depois dos ataques sórdidos e grotescos perpetrados por gangs que representam a extrema direita.
Os terroristas de extrema direita achincalharam as instituições, com a mesma arrogância que seu líder. Mas, a bem da verdade, o episódio já vinha sendo gestado nos quatro anos de governo bolsonarista. Transformaram os símbolos dos três poderes, nos quais se assenta a democracia, naquilo que eles avaliam que seja: o depositário de bestialidade de cada um. Um golpe tramado para antes da posse, mas como não vislumbrou-se oportunidade, esperaram uma momento de cochilo do novo governo.
O ex-ministro Anderson Torres, de Bolsonaro, desmontou a secretaria de segurança do governo do distrito federal, e viajou para encontrar com seu chefe maior, nos EUA. Mas elementar não existe. É a autêntica crônica do golpe anunciado. Agora, com a firmeza do ministro Alexandre Moraes, foi decretada, corajosamente, sua prisão. Isso quer dizer que se começa por cima para dar credibilidade às ações. Tudo deverá ser apurado, mas o foco principal vai ser "de onde veio o dinheiro" para financiar esse espetáculo degradante. Esse tapa na cara dos brasileiros de um modo geral.
Claro que há crimes graves que deverão ser apurados, mas que isso seja efetivado com base na lei. O que se vê, claramente, é que as instituições estavam querendo ser tomadas como uma espécie de cupinização. Claramente poder-se-ia ver o estímulo por parte de policiais às invasões e depredações ao patrimônio público. Se não forem punidos, agora, o enfraquecimento da autoridade será uma porta aberta para novos episódios deste nível. Aliás, que não cessaram desde as eleições. Ou seja: a instituições estariam definitivamente desmoralizadas.
O que se percebe, de uma maneira geral, é um arrefecimento misturado com medo, pois os baderneiros chegaram muito longe. E ao mesmo tempo, de forma desarrazoada, muito perto do poder. Não há tese jurídica que sustente uma atitude com essa, a não ser um golpismo gestado no ventre bolsonariano. Terrorismo mesmo. Ensaiado, desde a tentativa de golpe no Capitólio.
Os poderes se uniram, fortaleceram, momentaneamente, o governo Lula, mas todo o cuidado é pouco. O tempo, hoje, é amigo de punições corretas e com fundamento na lei. Sem as quais...
O que se observa, também, é que há profundas mudanças no eleitorado. Uma nova leitura do panorama político há de ser feita para as próximas eleições. Assim também como a performance do governo Lula. Extrema direita nunca mais...