Numa das últimas crônica que escrevi aqui, neste diário - que mantém, gloriosamente, sua edição impressa -, disse que o prefeito Victor Coelho (PSB), impelido por sua vitória, deveria dilatar também sua liderança política. Soube agora, sem confirmação ainda, que Victor poderá assumir a presidência da Amunes - Associação de Municípios. O que demonstra, sem dúvida, o crescimento político de um jovem que impôs seu jeito de ser: introvertido, aparentemente tímido, ouve muito mais do que fala e vai rompendo barreiras que aparentemente seriam quase impraticáveis. Se isso se concretizar, o governador trilha o caminho adequado no sentido de criar um frente de prefeitos. A grande estratégia desse momento.
Aliás, isso me faz lembrar, sem qualquer comparação, por óbvio, das lições dos velhos políticos que, aliás, ficaram registradas na história. O prefeito Victor vem fazendo, consciente ou inconscientemente, uma síntese de tudo. Fernando Henrique Cardoso diz que política é arte. Antônio Carlos Magalhães, que representava o "centrão", por sua vez, em matéria de política um PhD, pragmático, dizia que a arte da política consiste em saber dar a cada um o que ele espera de você. Alguns querem um emprego. Há um tipo que busca poder, prestígio, até um carinho. Se você confundir as demandas, como, por exemplo, poder a quem quer carinho, ou poder a quem quer emprego, arrumará um inimigo. Noves fora a dúvida do que pode significar tudo isso, é essa a razão pela qual governar é uma arte.
A próxima eleição é, ao mesmo tempo uma interrogação e, ao mesmo tempo, uma guerra. Vacinação e ajuda emergencial. Luta de foice no escuro envolvendo governador Renato, ex-governador Paulo Hartung, o ex-senador Ricardo Ferraço, Rose de Freitas, o PT, Ferração, uma Frente em busca da derrota do presidente e o próprio Bolsonaro freneticamente lutando para se manter no poder, e por aí vai... Onde ficam os prefeitos nessa perspectiva? Esquerda? Direita? Não existe uma certeza de que a eleição, necessariamente, repetirá o que aconteceu em 2018. Os prefeitos ganham protagonismo na razão direta do apoio de que, essencialmente, vão receber do governador. O caminho para o futuro é complicado, dos mais complicados a que já assisti, mas não quer dizer que não exista um caminho aberto ou para ser desenhado. Dizia eu, com um pouco de arrogância, que Renato precisa mais de Victor que o contrário. Mas, em verdade, Victor observa o seu melhor momento: pode realizar as obras que deixou para trás. E Renato estará aí para ajudar.
Claro que neste pequeno artigo estou sonegando muitos fatos, por impossibilidade de relatá-los neste espaço. Mas, se souber mexer com as pedras, o prefeito poderá desenhar seu futuro, até mesmo realizando, com apoio de Renato, as grandes obras que porventura lhe faltaram na administração passada, já que, historicamente, vivemos um rito de passagem entre antigas e novas lideranças. Este é o seu momento. A política, dizia Churchill, é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes A história, admiravelmente, abriu as portas para que ele tracejasse seu futuro. E o fez oferecendo uma trajetória com uma dose muito grande de oportunidades.