Não é preciso ter muita sensibilidade para entender que alguma coisa mudou no cenário político-eleitoral nesta semana, mesmo que as pesquisas mostrem que a situação está consolidada em favor de Lula. Mas, a pedra caiu no telhado de Bolsonaro. Não estou me lembrando agora quem disse que a verdade não desaparece quando é eliminada a opinião dos que divergem. A verdade não mereceria esse nome se morresse quando omitida ou censurada. Dentre a soma dos fatos, os mais relevantes foram o aumento dos preços nos supermercados e "o caso Roberto Jeferson", e a desindexação do salário mínimo. Não posso deixar de registrar, também, que vem por aí o famoso debate da Globo, amanhã. Antes, porém, preciso articular que presidente Bolsonaro demorou muito a se livrar - e não se livrou - desse amigo sobretudo tóxico- Jeferson.
Um dia a história vai dizer o que pretendeu Jeferson há uma semana da eleição. Ele que já tramara a candidatura do padre Kelmon, em seu lugar, para servir de ponta de lança de Bolsonaro no debate. Jeferson, ao ofender a ministra Carmem Lúcia - reconhecidamente como uma pessoa digna - da forma mais grotesca e vil possível, quis atrair para a cena o Judiciário como uma espécie de culpado por uma possível derrota do presidente Bolsonaro. É difícil saber o que passa na cabeça dos outros, mas os fatos acabam por revelar os objetivos ou mesmo o inconsciente. Alguma coisa precisava ser elaborada para justificar uma atitude antidemocrática diante da derrota.
A ligação de Bolsonaro com Jeferson foi confessada pelo próprio presidente ao anunciar que sequer possuía fotos com ele e que não eram amigos. As fotos dos dois juntos, até mesmo no Palácio do Governo, estarreceram a opinião público pelo despudor de um presidente que foi pego com as calças na mão. Claro que a mentira não atinge só uma cena, macula a peça toda. Por que Bolsonaro escondeu o fato de ser amigo de Jeferson? O que tramaram para o última semana da eleição? Seria o mártir que o salvaria de uma derrota ao jogar a culpa no TSE pela tragédia? O quadro foi resumido: o conjunto da obra de ambos, Bolsonaro e Jeferson, mostra um país estremecido e comovido por teatralidades, com cenário de milhões de desempregado passando fome.
Claro que a situação atingiu o nosso estado. Exatamente porque Manato é um prolongamento grotesco de Bolsonaro. Casagrande, que fez um bom governo, aumentou seu favoritismo. Isso se pode ver e ouvir nas ruas. E nas próprias rede sociais. Aliás, o velho jargão, só quem já fez, sabe fazer.