Não só o pleito para presidente da República, mas também para governador do estado estão causando, ambos, ansiedades. É uma estabilidade incômoda. Não só em virtude dos números apontados pelas pesquisas. Mas os candidatos com poder de mobilização do presidente Bolsonaro e seus improvisados auxílios financeiros e o poder de corrupção da máquina estatal ainda trazem angústia aos opositores. E daí nascem estratégias elaboradas dentro do próprio poder que, para ele, pode tudo. É a velha máxima que o povo sintetizou: "o poder da máquina". Obriga o adversário a se desdobrar em táticas novas.
O eleitor poderia perguntar: mas Casagrande também não detém a máquina? Sim. Mas não são pessoas com a mesma formação. E mais ainda: o Manato está vinculado visceralmente ao presidente. Bolsonaro ganhou no ES, por que então Casagrande o superou aqui? Porque Casagrande soube penetrar nos nichos direitistas e preservou os de esquerda. E o candidato Manato mostra sua fragilidade indiscutível por falta de carisma e empatia. Além disso, com o ranço tenebroso do vínculo com a Scuderie Le Coc.Penso que Casagrande tinha cacife para bancar sua candidatura, no primeiro turno, sem ficar inseguro em apoiar Lula necessariamente no primeiro turno. Ora, preocupar com os votos de quem votou nele e Bolsonaro é agora um perigo no segundo turno. São votos voláteis, facilmente abordáveis. É preciso saber com quem está lidando. Veja a viagem do ex-juiz Sérgio Moro. Estarrecedoramente serviu de coach de Bolsonaro no debate da Band. Depois de toda sua história na Lava Jato, abandonou a carreira de magistrado, de assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, sair atirando no Presidente, com declarações contundentes. E agora é o que se vê: um senador eleito serviçal de Bolsonaro.
Ora, ao ingressar na magistratura, contrai o Juiz também obrigações de caráter social. Para com os valores do humanismo, do pluralismo e da participação, direcionados da consecução do bem comum. O Estatuto da Magistratura, em síntese, diz que o juiz consciente não transigirá jamais com a mediocridade. E por esta não se entenda a posição dos ungidos de glória e do reconhecimento dos contemporâneos, que a vida heroica não está apenas na realização dos feitos retumbantes e teatrais. O verdadeiro heroísmo, como a santidade autêntica, se manifesta muito mais no exercício obscuro das virtudes da vida cotidiana, do que na prática excepcional de ações que transcendem os limites da obscuridade.
Ética é fundamentar as ações morais. Digo isso porque Moro acusou Bolsonaro de interferir em investigações da PF para proteger seus filhos e amigos. Além disso, chamou o presidente de ladrão, afirmou que, se deixarem investigar, vão achar "muita coisa" no governo Bolsonaro. Afinal, o que se vê é que seu objetivo sempre foi destruir Lula. Sua fixação!
