Um assessor técnico do candidato-presidente Bolsonaro teve um momento de lucidez e bom humor. Isso, exatamente ao mesmo tempo em que a ministra Rosa Weber assumia a presidência do Supremo Tribunal Federal. Relembrou o ex-vice-presidente Marco Maciel. Na oportunidade, disse o marqueteiro para Maciel: - O nosso adversário está na frente, mas vem caindo, enquanto estamos subindo. Ao que o candidato perguntou: - E o senhor acha que a intersecção das duas linhas ocorrerá antes ou depois do dia da eleição? A ironia serve tanto para Lula e Bolsonaro. Dois fatos quadraram, rapidamente, momentos emocionais distintos: a) a multidão no 7 de setembro; e a pesquisa IPEC. Euforia se misturou com depressão e vice-versa, rapidamente.
As coisas vêm acontecendo muito rápidas. Em verdade não acontecem - afloram. Agora, a agressão estúpida e covarde à jornalista Vera Magalhães, apresentadora do Roda Viva e colunista do jornal O Globo. Foi hostilizada e agredida verbalmente pelo deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos-SP) na noite dessa terça-feira (13). Cena semelhante à que o presidente produziu no debate do JN. O deputado, naquele instante, representava o espírito belicoso e autocrata de Bolsonaro. Como sufocar, agora, essas cenas de violência para evitar uma vitória de Lula no primeiro turno? É a pergunta que a assessoria do candidato se faz.
Curiosamente, o desespero só vai suspirará, para o bem ou mal, com a publicação da pesquisa Datafolha, hoje. A tática do 7 de setembro não funcionou. Bolsonaro está mudando de estratégia, oferecendo o perfil de um brincalhão, uma boa praça, afável, pedindo desculpas. As pessoas não mudam repentinamente. Estratégia difícil de emplacar a essa altura do campeonato. A violência campeia em seu nome. E de forma assustadora.
No estado, no entanto, a situação me parece mais tranquila para reeleição de Casagrande. Embora o candidato Manato enfatize que os próximos dias serão definitivos para a virada, seguindo a vereda aberta por Bolsonaro. Os candidatos ao governo acham que a estratégia mais poderosa é fazer chegar aos eleitores repercutindo que "Casagrande é comunista de carteirinha". Nem mesmo se der certo pra Bolsonaro, o mesmo não acontecerá com Manato. Ele dá a sensação de que "perdeu o voo", ficou no aeroporto. Assim com os outros candidatos. Casagrande saiu na frente. O capixaba, como o brasileiro, não gosta de mudanças bruscas, têm medo do que não conhecem, acreditam em Deus, confiam na família e querem seguir uma vida sossegada, sem atropelos e surpresas.