É uma estrada vertiginosa. Não tem como fugir. O prefeito Victor Coelho sabe o que espera neste ano. Aliás, dito de outra forma, os prefeitos de cada um dos 5.570 municípios. Primeiro, por tudo o que aconteceu em 2020, que se estenderá por este começo de 2021 com o recrudescimento da pandemia e seus efeitos já conhecidos na economia, muitos terão muita dificuldade na arrecadação. Pagar todas as contas municipais será um esforço grande. Tem razão Miriam Leitão. O ano está começando com uma série de complicadores. A inflação está alta, o desemprego vai subir nos primeiros meses de 2021, as contas públicas estão num beco sem saída. Um dos pontos que precisa ser realçado: a inflação acelerou no segundo trimestre. E isso pode custar 15 bilhões a mais. Não por causa do salário mínimo, mas porque todos os outros benefícios, inclusive os mais altos, serão reajustados pelo INPC. Essa é uma incerteza que contas públicas que 2021 herda de 2020. Por outro lado e ao mesmo tempo: de uma realidade o prefeito não pode fugir. Victor hoje não é mais o jovem que venceu uma eleição imprecisa há quatro anos atrás. A vitória de hoje lhe impôs um protagonismo que nem ele, na sua simplicidade, tenha ainda absorvido em todos os seus meandros. Basta dizer que, com vistas ao futuro, o governador Renato precisa dele tanto como ele, em igualdade de condições, necessariamente necessita do governador. É o maior líder do Sul do Estado. Se não é ainda, precisa entender que tem tudo para ser. Não pode se enroscar numa timidez que não é própria do político. Não se faz política sem vítimas, dizia o velho sábio Tancredo Neves. Victor pode apagar velhas lideranças, mas não será surpresa se aparecer novas que lhe podem incomodar. Qual o preço de tudo isso? Mudou pouco seu secretariado. A filosofia de trabalho parece a mesma. No entanto, está em busca de obras que possam marcar sua administração significativamente. Uma delas, pelo que se viu na campanha, é o parque da Ilha da Luz. Procura acrescentar adjetivos a sua trajetória de administrador. Traz um novo secretário de Obras, que ainda é uma surpresa. Mas não pode esquecer que, daqui a dois anos, teremos novas eleições, inclusive para o governo do Estado, o que exigirá muito dele e do seu protagonismo indiscutível. Vai administrar com crises, escolher e eleger aliados, escrever sua história, e traçar seu futuro político. Não é pouco.