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O objetivo é desorientar
2022-09-09 11:54:58

A manifestação de 7 de Setembro produziu efeito eleitoral em benefício do presidente e candidato Bolsonaro? Vou repetir uma frase histórica, em meio à campanha, atribuída a um guru americano da extrema-direita, para resumir o que fez o presidente Bolsonaro em comemoração ao Bicentenário da Independência: "O objetivo nunca é esclarecer, não se trata de persuadir, mas sim desorientar. Os democratas não importam. A oposição real é a mídia".  Atrás nas pesquisas, Bolsonaro quis criar um fato especular, tramado no ventre de suas ideias mirabolantes, mesmo que seja contra as leis. E conseguiu. Reuniu uma multidão em Brasília e no Rio. 

Sob a égide de desmoralizar as pesquisas que apontam Lula como vitorioso e produzir efeito de alçá-lo ao primeiro lugar, armou um 7 de setembro com todos os requintes de um showmício. Quem assistiu à multidão em Brasília e no Rio, ficou certo que Bolsonaro será reeleito. Embora seja divulgada uma pesquisa hoje, da Datafolha, nada terá importância para o bolsonarismo, a não ser que lhe dê uma vitória do tamanho da festa de bicentenário.

O MDB, aqui em Cachoeiro, já enfrentou situações como essa. Os candidatos da Arena - que servia de suporte à ditadura de 64 - era dotada de recursos para contratar os grandes artistas e cantores globais. Ônibus vinham dos distritos superlotados de eleitores. Às vezes dava certo, outras, não. Os eleitores iam assistir aos shows, mas não quer dizer que fossem votar nos candidatos postados em cima do palanque. O artista aqui é Bolsonaro.

Na falta de argumentos que pudessem revelar um plano de governo consistente, a multidão consentiu até que Bolsonaro fizesse algumas "gracinhas" profundamente preconceituosas. Sugerindo comparação entre primeira-dama Michele, a quem chamou de "princesa" e "mulher de Deus", e as esposas de outros candidatos. O Presidente se deu ao luxo de proclamar, puxando o coro, de "imbrochável". E mais. Bolsonaro, que enfrenta grande rejeição do eleitorado feminino, fez elogios e beijou Michele no comício de Brasília; mais cedo, o casal foi flagrado pela TV em grande discussão.

Diante de óbvia ilegalidade do ato, os presidente do Senado, da Câmara Federal, do Supremo Tribunal Federal resolveram comparecer ao Congresso Nacional para uma comemoração institucional, no dia se ontem (dia 8), sem campanha eleitoral. Não foram ao comício, exatamente porque sabiam o que iria acontecer.  O presidente Bolsonaro deu o troco.   Não compareceu. Com seu espírito autoritário, todo mundo tem que fazer o que ele manda.

Por isso, repito, liberdade constitui valor uno e indivisível. Não pode ser repartida em pedaços ou distribuída em doses insignificantes. Liberdade é mais ou menos como a honra: ou se tem ou não se tem. Se possuímos meia-liberdade, ou semiliberdade, no fundo, não possuímos liberdade alguma. Lutou-se muito no país para se restaurar a liberdade, consignada numa legítima Constituição.

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