A eleição de Cachoeiro aponta um fato histórico. Confirmando a projeção das pesquisas, Victor Coelho (PSB) foi reeleito, oficialmente, com 53,28% dos votos, prefeito do município. Fato sem precedentes na história político-eleitoral, já que a diferença de votos entre o primeiro colocado e o segundo nunca atingiu esse grandioso percentual. Ficou em segundo lugar, com 17,71%, o candidato Diego Libardi (DEM), que contou com apoio irrestrito do deputado Teodorico Ferraço (DEM), e, em terceiro, Jonas Nogueira (PL), com 10,68%, atual vice-prefeito, rompido com o prefeito Victor desde o meio de seu mandato.
O eleitor cachoeirense, de maneira geral, reconheceu que o prefeito Victor (PSB) realizou uma boa administração, com destaque para sua atuação durante a cheias do rio Itapemirim e também no curso da pandemia da Covid-19. O governador Renato Casagrande (PSB), embora discretamente, também foi peça fundamental nesse conjunto de fatos.
O prefeito reeleito fez uma campanha equilibrada, fugindo essencialmente dos ataques que sofreu de Jonas, também vice-prefeito e seu maior inimigo pessoal, e do candidato Diego, que o deputado Ferraço (DEM) considerou "o novo Ferraço", fazendo alusão às importantes obras que realizou no município. Ambos buscaram para sua campanha o presidente Bolsonaro. O ministro Onyx Lorenzoni promoveu aparições nos programas televisivos.
Durante toda a campanha, Victor deu grande realce às obras realizadas. O tema central foi "a humanização da cidade", enquanto seus adversários o acusavam "de ter prejudicado o comércio durante a pandemia" e "ser responsável pela fuga de indústrias do município, com a falta de obras denominadas "estruturantes". Em contrapartida, o prefeito reeleito montou um programa eleitoral com grande técnica, amortecendo a violência das críticas lançadas, refutando-as com a apresentação de obras e um discurso sem agressões aos seus adversários.
Sem perceber, os antagonistas cresciam o tom das críticas enquanto o prefeito fazia o contraponto, subindo nas pesquisas. A rigor, a campanha contra o Vitor foi tracejada pelo falta de profissionalismo e sem qualquer objetivo político-eleitoral, a não ser a agressão. Uma espécie de imitação do discurso bolsonariano, tendo como base "a família, a moral e a propriedade". Rompendo um elo histórico, tentou-se impor ao cachoeirense uma ideologia de extrema direita.
Outro dado importante: a candidata do PT, Joana Darck, alcançou 2,16%. É bem dizer que o PT governou dois mandatos seguidos antes do prefeito Victor, com o ex-prefeito Carlos Casteglione. O deputado Teodorico Ferraço (DEM), que é o responsável pela votação de Diego, um autêntico outsider, arriscou o seu prestígio contra a força do prefeito. Ademais, sua mulher, Norma Ayub (DEM), foi a terceira colocada na eleição para prefeita de |Marataízes. Não sai bem das eleições.
A partir de agora, o prefeito reeleito, suprimindo antigas e novas lideranças, preparou o terreno não só para candidatura do governador Renato, mas, sobretudo, pode criar outras lideranças, já que a nova Câmara é composta de vereadores que jogam no seu time. Diria mais. Victor se mostrou, supreendentemente, uma pessoa astuta politicamente. O grande mérito dele, apesar da pouca experiência, foi aproveitar as oportunidades. Seus adversários, como não tinham orientação ou regra, dançaram. Por um bom tempo futuro.