A solenidade terça-feira (16/07), que empossou o Ministro Alexandre de Moraes na presidência do TSE, foi um golpe letal na campanha golpista do presidente Bolsonaro. Claro que o presidente é um estrategista, vem instalando uma cena de pânico nos eleitores e candidatos sobre o resultado das futuras eleições conduzidas pelas urnas eletrônicas. Pois é. Uma solenidade que, tradicionalmente, sempre foi muito simples, tomou vulto a ponto de se tornar histórica.

Na presença do presidente Bolsonaro e os líderes do Congresso, dos demais Ministros do STF, dos ex-presidentes José Sarney, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer e de 22 governadores, o Ministro Alexandre de Moraes assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com veemente discurso em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro.

Bolsonaro, que vem ameaçando e fustigando a Justiça Eleitoral, teve que ouvir calado e abatido que "Somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência, e transparência". Foi aplaudido de pé pela grande plateia. Foi mais além o Ministro que anda às turras com o presidente: "a Constituição não permite a instalação do arbítrio. Liberdade de expressão não é liberdade de agressão, não é liberdade de destruição da democracia, nem de propagações de ódio".

A estratégia dos ministros do Supremo não só foi primorosa, deixando Bolsonaro de boca calada, sem nada dizer, mas trouxe uma alívio à democracia e serviu para espancar parte o medo de um golpe liderado pelo presidente. Claro que o momento também foi adequado, exatamente no início da propaganda eleitoral. Tudo foi irrepreensível, uma vez que a repercussão da solenidade de posse ressoou alcançando o mundo inteiro.

Encontrei com vários marqueteiros que tiveram de rever as suas fórmulas mágicas depois do discurso do ministro Alexandre. Os candidatos de direita terão que rever suas estratégias, sob pena ficar falando sozinho para meia dúzia de fanáticos. O que vi na terça (16) foi uma mudança vertiginosa no ânimo dos candidatos que acreditam que o melhor regime é o mesmo a democracia. E mais. Há um recado para Bolsonaro, como dizia Tancredo Neves, "esperteza, quando é muita, come o dono".