Um debate que precisa esquentar
2024-10-17 15:53:50

Preciso confessar, sem pudor, que não assisti, completamente, ao primeiro debate dos candidatos a prefeito. Os novos tempos – e não podemos reclamar -  proporcionam essa oportunidade para os eleitores que pretendem escolher o seu candidato com o rigor necessário. É só abrir o celular. No meu caso, foi exigência de trabalho acumulado. Pois bem.  Se acontecer alguma falha nos comentários, provavelmente foi por culpa minha, que não esperou até o fim.

    Mas, preciso destacar que senti muita falta da divulgação dos planos de governo de forma didática. O que se viu foi a falta de segurança em relação uns com os outros. Ora, a eleição municipal, absolutamente, não pode ignorar a agenda climática. Qual a abordagem neste sentido? A candidata Lorena, por exemplo, assediada pelos outros candidatos – era ela contra todos -  poderia explorar, de forma mais didática, a obra de drenagem que a administração Victor Coelho teve coragem de enfrentar.  Aliás, tema que ela conhece como ninguém.  Mas permitiu que os outros candidatos a atrapalhassem...

   Porém, as críticas contra a evolução da obra vêm ganhando terreno em contraposição a sua importância.  Mas não é só aqui. Isso vem de longe. Em Guarapari, de forma imediatista, os comerciantes relegam a importância da obra para realçar o incômodo diário. Atraindo o tema dos debates para a obra, ela pode dominar o interesse do eleitor, em detrimento de outros assuntos sem qualquer importância, como ataque pessoal. Como assim? Para ser mais direto: “ah, a senhora sabe que um motorista teria, um dia, feito isso...”.

   De uma maneira geral, o que se viu foram agressões gratuitas, em detrimento da qualidade das propostas.  Pensei, confesso, que as mudanças climáticas fossem um tema predominante, exatamente porque os municípios são responsáveis pela ocupação do solo, fator crítico para prevenir efeitos de enchentes ou secas. Não foi o que aconteceu, porém.  O que percebi, no entanto, foi um debate cercado por ódio e oportunismo. A ponto de o candidato Diego Libardi, sem autocrítica, usar um boné modelito lançado pelo candidato Pablo Marçal, que até Bolsonaro foge dele. Não se esquecendo que ele é apoiado por dois deputados: Bruno Rezende e Alan Ferreira.  

   A rigor, o que se viu foram arremedos de propostas, como diria Newton Braga, como nas velhas cantigas, como nas velhas baladas.  Ao que assisti – e senti – é que a candidata Lorena possui conhecimento técnico da administração em relação ao que pretende a população. Pode explanar o que é viável ou não.  Basta dizer que tenho ouvido, ventríloquos de alguns empresários que só visam aos lucros, que a administração estaria, burocraticamente, emperrando a instalação de indústrias ou empresas em Cachoeiro. Mas não dizem do que se trata ou trazem provas das denúncias. É aquela velha estória bolsonarista que agora a boiada pode passar...

   Ora, elementar que toda denúncia tem que ser cercada de prova. Mas elas não aparecem.  Se os debates continuarem nesse tom, a candidata Lorena terá que separar o joio do trigo, isto é, mostrar que a administração pública possui um orçamento votado pela Câmara Municipal.  Sob pena de o candidato bolsonarista propor um projeto de construção de uma ponte até o Itabira, achando que a população é boba.

   Outra coisa curiosa e oportunista:  o candidato Libardi querer se mostrar, numa gangorra, como de direita e de esquerda ao mesmo tempo. O seu boné já diz tudo... Não se esquecendo que apareceu no cenário político pelas mãos do seu padrinho Ferraço. O que teria mudado?...

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