Por Wilson Márcio Depes
Três dias em Brasília, no centro do alvoroço e da loucura que este país está engolfado, aumenta a perplexidade diante de tudo. São centenas de prefeitos, abarrotados de documentos, em busca de recursos para resolver os problemas de seus municípios. Um tropeça no outro. Todos, com seu deputado preferido, batendo às portas do Planalto para levantar o dinheiro que é o preço pago pelo Presidente para se manter no cargo. Quanto custa ao país alimentar a vaidade do presidente Temer em permanecer no poder? São gastos e medidas econômicas exigidos por grupos de interesse em detrimento de uma política séria e competente de recuperação do país. Se alguma medida econômica foi adotada com o título de “avanço”, ela se dissolve diante da necessidade de encobrir as denúncias. Vive-se em dois países: um atolado em completa crise em todos os sentidos e um outro onde é mostrado um filme com a pseudo-realidade de um presidente que faz de tudo para se defender das denúncias de corrupção e se manter altivo comandando o país. Haja paciência! A estratégia dos aliados do presidente é que se supostamente a economia melhorou, temos que passar por cima da corrupção e avançar mais... não sei pra onde. Em síntese: o governo só faz aquilo que não vai desagradar a um possível apoiador do presidente. Um exemplo. Para atender à grande bancada ruralista, o governo baixou portaria do Ministério do Trabalho que é um horror. A portaria reconceitua o trabalho escravo, reduz o poder dos fiscais e dá ao Ministro do Trabalho o arbítrio de divulgar a lista das empresas autuadas. É claro que isso representa um grande retrocesso na luta contra esse crime dentro da cadeia produtiva, com repercussão internacional.
O custo que estamos pagando por essa – como diz a jornalista Miriam Leitão – desastrosa dupla eleita em 2014 é incalculável. Ainda faltam 14 meses para o término do mandato.