Por Wilson Márcio Depes

Pois é, 50 anos se passaram. Ronaldo se Marilene renovaram a emocionante cerimônia de casamento. Não há cerimônia de casamento que não tenha uma aura de grande emoção. Aliás, um relacionamento que enfrentou, impávido, o tempo e as tempestades da vida, com firmeza, dedicação e serenidade. Temperamentos distintos convergiram para o mesmo ideal de vida tanto que a essa altura, sobranceiros, puderam festejar, de mãos dadas, a união que começou nos bancos escolares. Na presença de parentes, amigos, filhos, netos, revelaram, numa decodificação de luzes e flores, a tradução adequada do que é o amor. Por que não lembrar o sempre lembrado Drummond em sua perfeição? “Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.”. A advocacia e o jornalismo ensinam que a palavra tem que ser precisa, exata, para evitar dissabores ao mesmo tempo que aponta para uma lição de ouro: escrever é cortar palavras. Aí eu me pergunto: como ser original para com quem completa 50 anos de união sólida e se permite realizar uma festa que só vê nos filmes, como o Grande Gatsby?. Numa festa onde se mistura música, luzes e pessoas? Relembro frase de Scoth Fitzgerald? “Nenhum fogo poderia destruir o conto de fadas que eles tinham em seus corações.” Ao final, e bem a propósito, conto uma história interessante. Narra Plutarco que o general Pompeu ia embarcar suas tropas para uma expedição belicosa ao Ocidente Médio. Um marinheiro avisou ao general que o mar estava raivoso. Pompeu, então, respondeu: navegar é preciso. Viver é que não é preciso. Os versos acabaram sendo empregados por aqui, numa acepção diferente. O general pretendia dizer que navegar é uma coisa precisa, uma coisa que não tolera erros. Já viver, é diferente. Como independe da vontade do homem – viver não chega a ser uma coisa exata. Viver é uma aventura. Navegar pode até ser uma louca aventura, mas o navegante tem que ser lúcido. Bem mais lúcido que as ondas do mar. É preciso conhecer todas as manhas do mar. Ronaldo e Marilene viveram e navegaram nos seus 50 anos juntos. E podem comemorar a precisão.