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Por Wilson Márcio Depes

Algumas reflexões me impõem ao escrever esta crônica. Toda classificação é, antes de mais nada, uma operação lógica. Leio, nos jornais, a resposta da Eco 101 ao artigo do Cariê Lindemberg, que criticou – como todos os capixabas – veementemente a concessionária, exatamente pelos atrasos na obra de duplicação e também pelo descaso na manutenção das vias, o que vem causando graves acidentes na BR101. Há uma estatística que aponta que só este ano 123 pessoas morreram vítimas ou da má conservação da estrada ou da falta da duplicação. Bem, mas a resposta da Eco, a pretexto de esclarecimento dos fatos, é que está adimplente com o contrato de concessão e que o atraso nas obras foram provocados “por motivos alheios à sua responsabilidade”. Claro que todo mundo tem direito ao contraditório, mas, no caso, fica parecendo que os responsáveis por todas as tragédias, como sempre, somos nós que pagamos o pedágio. Mas o pior não é isso. É que a empresa apresentou proposta “de revisão quinquenal do contrato e recebeu garantia que a proposta será analisada”. E tem mais. Usa a empresa, ante a fragilidade do Poder Público, uma velha e surrada tática de que “a melhor defesa é o ataque”. Isso quando vive-se um ambiente no qual as famílias ainda choram a morte das vítimas da inadimplência e desídia da Eco. Vivemos num país, dizia um amigo, pessoa simples e que encara a vida com a realidade necessária, sem sofreguidão, que já não sabemos em que porta bater. De minha parte, frontalmente contrário ao que disse o general Mourão, acredito em nossas instituições. Estou saindo do gabinete de um magistrado que trabalha mais de 14 h por dia. Para eu entrar, teve que remover alguns processos do caminho. Venho de longe e sei a luta que tivemos para deixar as instituições em funcionamento. Vamos melhorá-las, apenas. Melhorando nós mesmos, também.

“Frontalmente contrário ao que disse o general Mourão”.
 

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