O presidente da Câmara Municipal, Brás Zagotto, com muita argúcia, convocou a Câmara Municipal para, em sessão pública, discutir um pedido de empréstimo que o prefeito Victor Coelho busca, incessantemente, no valor de R$ 250 milhões, junto à Corporação Andina de Fomento.  A sessão será, hoje, às 19h, na própria sede da Câmara.

Os investimentos decorrentes do empréstimo já foram exaustivamente explicitados pelo prefeito e seus assessores. Aliás, muito bem detalhado. O pagamento poderá ser feito em até 18 anos, com carência de seis anos. A taxa de juros é de 4,55% anual. A primeira parcela do aporte financeiro, caso aprovado, deverá ser paga em julho. Para receber a segunda parcela, o cronograma de obras precisa ser cumprido.Em tese, os recursos, se aprovado o empréstimo, devem financiar o Programa de Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Social, que contempla obras e intervenções em áreas como drenagem, saneamento, iluminação, pavimentação, além de investimentos em equipamentos públicos de saúde e atendimento social. Um dos destaques do projeto inclui a construção do Parque da Ilha da Luz e da Vila Olímpica, para conscientização e esclarecimento da população.

Em sã consciência ninguém pode fazer qualquer crítica ao vereador Brás, presidente da Câmara, já que, segundo ele, "nossa intenção é informar a comunidade sobre os detalhes e impactos da operação de crédito externo, além de responder às dúvidas e preocupações sobre como isso pode afetar Cachoeiro de Itapemirim no futuro".  

Porém, ninguém também poderá dizer que não se trata de uma jogada política, já que Braz pertence ao partido Podemos, hoje em rota de colisão com o prefeito Victor. Braz, em todos esses anos como político, aprendeu muito da malícia nesse campo.  Ele poderia ter colocado o projeto em votação há muito tempo, seja no plenário ou em audiência pública.

Não o fez. Quer lavar as mãos. Claro que o empréstimo - exagero ou não - irá beneficiar grandemente não só o município como também a candidata o prefeito nas próximas eleições.  Se disser que Brás não está sofrendo pressão dos dois deputados Allan Ferreira e Bruno Rezende e do pré-candidato Diego Libardi também será uma sandice sem tamanho. Mas, todos três, diante de Brás, são calouros de faculdade do interior...

 Aliás, tudo em torno dessa união está cercado de interrogações, conforme informou a imprensa. Disse o jornalista Wagner dos Santos: "mal foi lançada a pré-candidatura de Diego Libardi (Republicanos) a prefeito de Cachoeiro, nesta sexta-feira (10), e o trio, composto também pelos deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União) já têm um pepino e tanto para descascar".

Assinalou que "Em entrevista ao site ES360, o presidente estadual do Podemos, o deputado federal Gilson Daniel, basicamente, desautorizou a coisa toda". O referido deputado é amigo pessoal e político do governador Renato Casagrande, com quem não quer briga. Tudo isso influenciará na votação hoje. Queira ou não, já que, em política, como dizia Tancredo Neves, "a esperteza quando é muita, come o dono". 

Claro que a votação está cercada por um movimento político bastante razoável. Mas, qualquer um que conhece um pouco da política de Cachoeiro, sabe que o vereador Brás é mais sabido do que eles todos. Quando não quer responder à pergunta impertinente, ninguém consegue decifrar o que ele está falando. Como presidente da Câmara, ele será responsável pelo resultado da votação. O curioso é que nunca fica contra o poder...