Por curiosidade e para justificar um raciocínio que vou expender aqui, voltarei com um tema abordado numa das colunas passadas. Disse que era uma tolice praticada pelos deputados Bruno Rezende e Alan Ferreira irem procurar o deputado Ferraço em busca de apoio para se lançarem candidatos a prefeito. Dizendo com mais fidelidade: "os deputados Alan Ferreira e Bruno Rezende dentre outros, com ansiedade incomum, buscam em Ferraço a solução para uma vitória da direita em Cachoeiro. Só que eles não oferecem a Ferraço a candidatura, mas querem seu apoio". Vã filosofia.
Revelei que "entorpecidos por suas pretensões pessoais, pensam que Ferraço é tolo. O líder cachoeirense, sobretudo hoje, não pode se precipitar. Sua decisão - de quem indicar ou apoiar - envolve uma eventual candidatura de Ricardo para governador, a busca de um mandato para Norma e a manutenção de seu prestígio político-eleitoral". Dito e feito. Em declaração à imprensa, Ferraço deixou isso muito eloquente, sem, no entanto, magoar quem quer que seja.Bem, claro que Ferraço não iria deixar "passar batido", como se diz, essa oportunidade de participar da eleição, tendo, ao seu lado, sentada no banco e sem mandato, a sua mulher Norma e as conversas com o articulador e vice-governador Ricardo Ferraço. Claro que o lançamento do "Novo Partido Novo" é estratégia urdida não só para atrair mas, sobretudo, a fim buscar os empresários bolsonaristas. Mas, também, e sobretudo, com o objetivo abrir um flanco no qual Ferraço poderá lançar Norma candidata a prefeita. Diga-se mais: coincidência ou não, o prazo de filiação ou mudança de partido está aberto até sábado.
Digamos que tal raciocínio esteja equivocado. Perguntaria: por que todo mundo foi buscar Ferraço para tirar do Victor a chance de fazer seu sucessor? Ora, elementarmente, se foram buscar Ferraço é porque, na avaliação deles, só o deputado poderia fazê-lo. Ora, se só ele possui essa chance, ele estaria se perguntando: por que não minha mulher, Norma?
Ora, Ferraço não faz cortesia com chapéu alheio. E, no caso, estaria abençoado por Juninho, no afã, também, de manter o bolsonarismo vivo em Cachoeiro. Vide presença do deputado Evair de Mello. Nessa conjugação de interesses, ao que parece, deixaram de fora o governador Renato Casagrande, que não acolhe ideologicamente a extrema direita de Bolsonaro.
Resta, agora, aos dois deputados, uma improvável - quase impossível - busca apoio do governador Renato Casagrande, já que podem trabalhar com o fato de ser da base do governador na Assembleia. Mas vão caminhar num terreno pedregoso e lamacento, ao mesmo tempo. Porém, para não dizer que não falei de flores, restou a lição que ainda são estagiários em política. Ou, ainda, uma aproximação com o prefeito, até mesmo pelas mãos do governador.
Tais movimentações, por outro lado, mostram também que a candidata Lorena, do prefeito Victor, é temida pelas forças reacionárias e conservadoras, tanto que foram buscar a benção do seminarista Juninho.