A pretexto das próximas eleições municipais, um prezado leitor me indaga se eu teria uma explicação sobre a razão pela qual Ferraço perdeu a eleição para Carlos Casteglione em 2008. Ele acrescenta que Casteglione teria, até, quebrado um tabu histórico sobre a dificuldade de reeleição para prefeito. Mas, em primeiro lugar, não houve quebra de qualquer tabu, pois Victor conseguiu a reeleição em 2020. Não prevalece, portanto, o raciocínio de que historicamente o cachoeirense repulsaria a reeleição para prefeito.
Sei onde o caro leitor quer chegar: ele aponta dificuldade de Victor em transformar sua secretária Lorena Vasques em sua sucessora. Em política, o olhar sempre embute intenções que só se percebe conhecendo a formação do entrevistador e qual é o seu voto dissimulado. Ele é eleitor de Juninho porque, segundo suas explicações, sempre foi e sempre será de extrema direita. Tanto que considera o ministro Alexandre de Moraes, do STF, "um ditador".
Sobre a derrota de Ferraço para Casteglione posso dizer algumas palavras porque eu o avisei, em conversa, poucas semanas antes da eleição. Ele me ironizou, fundamentalmente porque estava amparado em seu prestígio do trabalho que realizou como administrador. Bastaram algumas perguntas para sentir que ele não possuía o domínio da situação.
Disse eu: "Onde você acha que se encontra, no presente momento, o seu candidato a vereador que, em tese, será o mais votado?", perguntei. Respondeu: Claro que ele está em seu reduto (um distrito), trabalhando para nossa chapa". Acentuei que estava equivocado e que, por essa razão, ele perderia a eleição. Estava sem domínio da situação. Pude entender que a soberba era o maior inimigo do político.
O diálogo, que considero profícuo neste momento porque contém verdades históricas, prosseguiu em tom mais realista. Disse pra ele: "Se você for à casa do empresário Camilo Cola, ele estará lá para receber ajuda financeira com vistas a sua eleição à Câmara Municipal. Lá estará também o prefeito Casteglione, seu adversário no pleito.".
Ele não acreditou. A história é que o empresário Camilo Cola já houvera sido cooptado pelo presidente Lula. E reuniu todo mundo do PT em sua empresa. Ferraço não acreditou e foi ao distrito onde morava o vereador. A informação é que ele, realmente, estava na empresa. E vinha fazendo campanha para Casteglione.
Estávamos às vésperas do debate na TV Gazeta. Ferraço ainda nutria esperanças ou, melhor dizendo, não acreditava no que estava acontecendo. Seu filho Ricardo me ligou. Também não acreditava na versão que eu entregava a seu pai. Sintetizando. Ferraço saiu-se bem no debate, mas a situação já estava consolidada. Final: Casteglione foi eleito para seu primeiro mandato com uma diferença de 7.399 votos. Coisa que ninguém acreditaria. Casteglione também conseguiu ser reeleito.
Portanto, o raciocínio de que Victor não fará seu sucessor - no caso sucessora -, por esse motivo histórico, considero completamente inconsistente. Estamos num momento em que se vislumbra um cenário bem propício para que Victor possa eleger sua sucessora. Num confronto rápido entre a teoria e a prática, o prefeito possui obras para inaugurar e uma administração bem consentâneo com os tempos modernos.
A macrodrenagem apresentada como carro chefe, é uma obra altamente valorizada no momento em que o país vive. Impulsionada como o dinamismo da secretária Lorena que, queira ou não, dinamizou a administração municipal. Se Ferraço foi muito corajoso para construir a Beira-Rio ou retirar os trilhos da cidade, Victor também escreveu sua história com a obra da macrodrenagem.
Os argumentos dos deputados Alan Ferreira, Bruno Rezende, do vereador Juninho e Diego Libardi, em confronto, são pífios e dispersivos, não possuem força para se transformar em votos. Uma coisa é eleição para o Legislativo, outra é para o Executivo.