A escolha na nova secretária de Obras, Lorena Vasques, pelo prefeito Victor Coelho, que, aliás, nunca frequentou o noticiário político, foi motivo de um verdadeiro alvoroço no mercado. Isso porque, na sucessão lógica dos fatos, ela apareceu como eventual candidata à sucessão de Victor. Por especulação, como candidata dele. Diante desses fatos narrados, Lorena se manteve equidistante. Sequer anunciou seu telefone aos jornalistas que cobrem a área política. 

No entanto, isso permite a qualquer pessoa comum extrair, no mínimo, duas ilações concretas: a) Victor é capaz de fazer seu sucessor, em razão do número de obras que está realizando; b) Consciente ou inconsciente Lorena passou a fazer parte do jogo. Ela se vinculou muito ao conjunto e dinamismo das obras, o que, em dois momentos, beneficia a ela e sobretudo à administração.

Claro que o distanciamento dela dos temas políticos não quer dizer que Lorena não toparia a parada. Ou que tenha mergulhado.  Já criou até um slogan: "missão dada, missão cumprida".  Mas se assustou com o volume de manifestações. Porém, não parou de postar, na redes, as obras que vem dirigindo em todo o município.  Jovem ainda não domina a malícia política, mas provavelmente tenha sido aconselhada a não se expor, protegendo-se não só "do fogo amigo", mas também dos torpedos da oposição. "Never explain, never complain", isto é, nunca explique, nunca reclame, máxima preferida de Disraeli.

Ela conseguiu, com muita rapidez, uma coisa curiosa: com sua voracidade no trabalho encurtou uma eventual campanha - sem fazer campanha tradicional - para se tornar mais conhecida no ambiente político. Aparentemente, foi deslocada do seio da própria administração, onde exerceu atividade meio, para uma secretaria fim, nunca frequentada por mulheres.  Assume a secretaria de obras sem qualquer eiva ou falha, mas com sinônimo de boa administradora, diploma ofertado pelo próprio prefeito Victor.  E mais: não se ouviu críticas ao seu comportamento ético na trajetória no serviço público. Tema preponderante quando se quer derrubar uma candidatura.

Alguns secretários mais ligados à família do prefeito correram para lançar outra candidata, Márcia Bezerra, do Partido Progressista, esta com raízes profundas com o então deputado Glauber Coelho. Mas, na mesma forma, nunca foi candidata a qualquer cargo político. Prova inequívoca que o próximo candidato, com grandes chances de vencer o pleito, poderá ser o indicado pelo prefeito. Ideal seria, induvidosamente, que o candidato escolhido tivesse o beneplácito do governador Renato. E tudo encaminha para tal.

Por outro lado, essa eventual candidatura, que transita no campo das hipóteses, incomodou também os deputados Alan Ferreira e Bruno Rezende. Aliás, da base de Casagrande na Assembleia. Diante do fenômeno Lorena, eles terão, no mínimo, que mudar as táticas utilizadas até agora. Não sou daqueles que acreditam que é cedo para preparar estratégias com vistas à nova eleição. Pelo contrário. A campanha não oficial já passou da linha de chegada.  Cada dia acontece um fato novo na política de um modo geral. Principalmente quando se tem uma nova administração no âmbito federal.

O quadro político, a que estávamos assistindo em Cachoeiro, sofreu uma mutação intensa o dia em que o prefeito anunciou sua nova secretária de obras Lorena. O próprio vereador Juninho Corrêa não consegue eventualmente criticar a lentidão das obras, como fazia com o então secretário, Rodrigo Bolelli, já que a nova secretária é a celeridade em pessoa.  Nem mesmo a Câmara Municipal, já que as reivindicações são atendidas, com agilidade. 

A eventual candidata do prefeito, a rigor, tem obra para mostrar todos os dias, enquanto os outros candidatos dependem de terceiros, o que não é a mesma coisa. Convenhamos.