Comecei a escrever sobre o livro da jornalista e amiga, Joana Aguinaga, que de 11 a 14 anos sofreu assédios sucessivos num consultório dentário do Rio. Parei. Isto porque tomei ciência da sentença do ilustre juiz, Dr. Evandro Coelho de Lima, sobre o acidente que vitimou o deputado Glauber Coelho, em 10 de agosto de 2014. Muitas cenas me fizeram sofrer como amigo e advogado da família. As notícias? Todas elas davam conta que Glauber cortara um veículo e fora responsável pelo acidente. Aliás, acidente no qual ele mesmo perdeu a vida. Tal acontecimento repercutiu grandemente no estado todo. Recebi telefonemas de todo canto.
Porém, um exame preliminar do local não me convenceu da culpa e responsabilidade de Glauber – que vinha acompanhado pelo hoje secretário municipal, Vander Moreira, que, afinal, sofreu uma quantidade enorme de fraturas.
Busquei, primeiro, um perito de confiança. Fez um trabalho perfeito, tecnicamente, demonstrando que o veículo que Glauber conduzia foi abalroado pela caminhonete do autor da ação. Na justiça – não tramitou em segredo – após debates de parte a parte, provas pra lá, provas pra cá, perícia oficial, o magistrado pode lançar sua sentença. Ou seja: havia um pedido de danos morais e materiais, que foi negado. O magistrado reconheceu a culpa do condutor da caminhonete, inocentando o então deputado Glauber.
Negou a indenização ao requerente. Mas, expôs que a culpa era do autor da ação que invadira a contramão de direção e colidiu com o veículo conduzido pelo Glauber. E, por isso, o responsável deve indenizar, no caso, o secretário Vander. Um fato que me marcou muito e não consigo esquecer. O pai de Glauber, José Afonso, pede pra me chamar em sua casa. Conversa comigo e desfere o motivo com uma pergunta: – Meu filho teve culpa no acidente? Respondi que acreditava que não. Mas tinha encomendado uma perícia altamente técnica. Assim que ficou pronta, fui lá. Expliquei tudo, falei que o perito afirmara não era do Glauber o culpado, mas a camionete que vinha em sentido contrário. Ele, tanto quanto possível, abriu um pequeno sorriso, me recomendou que cuidasse do caso.
No outro dia, faleceu.