A derrota de Bolsonaro fez um mal muito grande aos bolsonaristas. Mas é simples em qualquer compêndio que a ideia de Estado de Direito, que tem origem na Idade Média, como forma de contenção do poder absoluto, ressurgiu nas últimas décadas como um ideal extremamente poderoso para todos aqueles que lutam contra o autoritarismo e o totalitarismo, transformando-se num dos principais pilares do regime democrático. Para os defensores de direitos humanos, o Estado de Direito é visto como uma ferramenta indispensável para evitar a discriminação e o uso arbitrário da força. É preciso voltar ao tema porque, claramente, os protestos contra as leis são irresponsáveis. Aliás, como se vê nas alas mais radicais do país, envoltas pelo manto do bolsonarismo.
Venho de longe. Induvidosamente são manifestações golpistas sob escudo de supostas fraudes eleitorais, que, absolutamente, não aconteceram. É choro de derrota, envolto numa capa de golpismo. Ao demorar quase 45 horas para se pronunciar sobre o resultado da eleição, Bolsonaro deixou, subjetivamente, amplo espaço para que seus seguidores mais radicais - os que estão nas ruas pedindo intervenção militar - entendessem que estimulava suas ações antidemocráticas. Não há ódio - principalmente conhecendo o temperamento de Bolsonaro - que esmoreça do dia para noite.Bem, dito isso, vivendo numa democracia sou forçado a dizer que muita água ainda vai rolar debaixo da ponte até a saída do presidente do poder. Ou a posse de Lula.
Mudo só um pouco de assunto. A eleição produziu muitos efeitos para a próxima disputa de prefeitos. Aliás, os candidatos foram votar pensando nisso. Será outro quadro eleitoral? O prefeito Victor Coelho, por exemplo, em entrevista, disse que "nunca votei no PT". Mas ficou amparado no governador Casagrande. Quem receberá, por exemplo, o seu apoio? Ruy Guedes (Podemos), o vice-prefeito? O deputado eleito Allan Ferreira (Podemos)? Claro que seu candidato terá que ser preparado desde agora, já que as cenas do filme eleitoral mudam muito rápido. Está aí para todo mundo ver o comportamento do Centrão. Habilidade não falta em Lula. "A política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros.", já dizia Montherlant.
O vereador Juninho Correa (PL), bolsonarista extremado, que também é candidato a prefeito, vai aproveitar a cachoeira de votos obtidas pelo presidente em Cachoeiro? Por que caminhos navegará o calouro Bruno Rezende (União Brasil), eleito deputado, com 12.130 votos, grande surpresa da eleição? O governador Casagrande (PSB) e o prefeito Vitor Coelho (PSB) os têm com aliado.
O PT possui quadros para encarar a parada? Casteglione (PT) se mostrou amplamente na cidade pedindo votos para Lula(PT) e Casagrande (PSB). Claro que almeja composição para se lançar candidato com o respaldo do presidente Lula. Mas a bolha bolsonarista cachoeirense precisa ser, de alguma forma, perfurada para, minimamente, abrir campo para suas expectativas.
Pergunto ainda e não por derradeiro: para aonde vai Ferraço (Progressista) deputado mais um vez? Ferraço tem um banco forte, que é a deputada Norma Ayub (Progressista), que não estaria fora de propósito de se lançar candidata a prefeita. Além, diga-se, o filho, Ricardo Ferraço (PSDB), eleito vice-governador, que deverá ocupar alguma secretaria e com pretensão a alcançar o governo do Estado na próxima eleição.
Só tenho certeza de uma coisa: todos já estão pensando no lance seguinte. O campeonato para o político não termina após o apito final. O jogo está rolando. Sem bola, por enquanto.