O início da propaganda eleitoral, que começa na segunda-feira (15/8), me traz recordações. O meu curso primário foi feito – todo ele – com caderno de um candidato que nunca fiquei sabendo quem era. Claro que continha sua foto, seu currículo, mas, naquele momento, eu queria só estudar. Por mais que me esforce não consigo. João Calmon passou pela minha cabeça – o mote de sua campanha era a educação – mas não era ele o candidato. Hoje é bem mais sofisticado. Antes era um tipo de marketing mais produtivo, pelo menos pra nós, estudantes
A desinformação, hoje, sofistica e polui o ambiente. À medida que o tempo passa, à medida que as eleições se aproximam, vai ficando mais evidente a ineficácia das medidas tomadas pelas redes sociais para coibir a desinformação. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a proibir neste ano que candidatos disseminem “fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados” sobre o sistema eleitoral. Mas as redes e os candidatos não estão nem aí para a lei. Há uma arrogância predominando, com tiros, assassinatos, ameaças, descrédito dos poderes constituídos, das urnas eletrônicas.
Os pesquisadores do NetLab, laboratório vinculado à UFRJ, constatou a veiculação nas redes da Meta — dona de Facebook, Instagram e WhatsApp — de pelo menos 21 anúncios com mentiras sobre as urnas eletrônicas, a apuração e o processo eleitoral. A publicidade atingiu 500 mil impressões entre 26 de junho e 31 de julho. Cada anúncio custou entre R$ 100 e R$ 600, pagos por candidatos a deputado ligados ao governo federal. Ou seja: candidatos financiam anúncios com fake news e ataques às urnas no Facebook, Instagran e etc.
Se são fakes obviamente não tem o menor cabimento. Como disse a Marilene e Regina, em entrevista “Entre Elas”, a norma do TSE a respeito da questão é cristalina, caberia à Meta e às demais redes sociais banir esse tipo de anúncio de suas plataformas. Em vez disso, continuam a faturar e a estimular o “engajamento” veiculando fake news. O TSE já recebeu mais de 1,5 mil denúncias por desinformação nas redes sociais. Tudo é muito sujo. Queremos eleições limpas. Se possível.