Crônicas
Podemos mudar?
2022-08-22 05:42:45

Vou pedir desculpas por insistir num tema que afeta, diretamente, às próximas eleições. Exatamente por serem elas revestidas de grande importância. O que lá atrás, bem lá atrás, eram comícios nos bairros, com atrações artísticas, hoje, por óbvio, são as redes sociais. Confesso que não tinha a dimensão de que os candidatos e políticos de maneira geral travam uma autêntica batalha entre o Twitter e o Tik Tok. Para políticos, há vantagens únicas em estar presente no Twitter. A rede social se diferencia das concorrentes por ter visita mais duradoura de usuários: em média, as visitas atingem 12 minutos e 50 segundos, o dobro da média do Facebook, por exemplo. O Twitter é certamente a plataforma mais beligerante, mas a importância é evidente. Os conservadores têm muito mais força em seus encontros. As redes só refletem essa realidade.

O Twitter também tem uma base importante de usuários jovens, perdendo apenas para o Tik Tok. Entre os twiteiros, 32% têm entre 18 e 24 anos; e 36%, entre 25 e 34 anos. O que eu quero dizer com isso, embora esses números possam trazer uma leitura relativamente penosa, é que o Twitter é uma rede muito própria para disseminação de conteúdo, fazendo com que seja muito politizada. Por sua vez, o Instagram é usado para mostrar imagens bonitas, e o Linkedin é muito voltado para as questões profissionais. O Tik Tok ainda é muito para diversão, enquanto o Facebook tem aquela coisa de criação de comunidades, de ver as publicações da família. Já no Twitter, as pessoas estão mais dispostas a mostrar suas opiniões.

Resumindo: não é à toa que os políticos estão em peso na plataforma. Isso porque o Twitter é fundamental para o debate conformadores de opinião e pessoas politizadas. Ou seja, vai ser uma plataforma fundamental para conexão dos políticos com os seus eleitores nas eleições. Em razão das eleições, o Twitter introduziu um novo recurso para evitar que políticos tenham suas identidades apropriadas ou falsificadas. É uma etiqueta – um ícone de um púlpito com microfone – que será exibida nas contas de todos os candidatos.

Confesso, com humildade, que não sei se é bom ou é ruim. São nossos ciclos de vida. Mas todos eles muito curtos. Se é ruim, podemos mudar de alguma forma, pois como lembra o velho Gabeira, não estamos fadados ou condenados a carregar nossa pedra ao alto da montanha, como um herói grego. Camus achava que o homem vive sua existência em busca de sua essência, do seu sentido, e encontra um mundo desconexo, ininteligível, guiados por entidades sufocantes como as religiões e ideologias políticas. Por tudo isso, estou quase certo de que precisamos mudar. As eleições são um largo caminho.

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