Os resultados colhidos pelas pesquisas de opinião pública – todas elas com credibilidade indiscutível – mostram que a população, de uma maneira geral, já entendeu os erros que propiciaram o fracasso da política sanitária do Governo. Aliás, não precisava de uma pesquisa do Datafolha, o número de mortos é altamente esclarecedor e dramático. A comparação com outros países dá mostras de que, afinal, fracassamos como decorrência de uma política absolutamente negacionista. Uma capixaba, admirada por todos, Dra. Margareth Dalcolmo, há um ano atrás anunciava que as duas armas mais poderosas para o enfrentamento da epidemia no país seriam o SUS e o distanciamento social, com todo o seu cortejo de medidas de proteção individual e coletiva. Explica a Dra. Margareth: “A Covid-19 se mostrou clinicamente uma doença sistêmica, trombogênica, capaz de acometer todos os órgãos e com fatores de riscos que já se mostram relevantes, como idade, cardiopatias, doenças autoimunes e obesidades”.
Não precisa dizer que o feito humano extraordinário das vacinas aprovadas para o uso é o raio de esperança para todos. Mas, a bem da verdade, resulta num cenário de incertezas, de falta de consciência coletiva, diante da única solução plausível para conter a progressão epidêmica que é a vacina. Se não fosse a Vacina Corona Vac, que o governador João Dória trouxe ao país, talvez até hoje o presidente Bolsonaro continuasse em rejeitar as vacinas, buscando uma irreverência, além de tosca viagem à ciência, estaríamos tomando cloroquina misturada com ivermectina. A posse do novo ministro, Marcelo Queiroga, que é o 4° na pandemia, embora todos nós rezemos muito, parece que será com o mesmo espírito de subserviência ao presidente que trata a ciência com conceitos próprios que visam, apenas e tão somente, à reeleição em 2022. Não enxergou ainda que, se o povo foi bobo até agora, não suporta ver seus parentes morrendo por falta de assistência médica. O discurso chega a ser cínico, como revelou o líder do governo na Câmara – que, por sinal, já foi ministro da saúde do governo Temer – Ricardo Barros, isto é, “estamos numa posição muito cômoda”. O capitão Bolsonaro não gostou de ouvir a médica Ludhmila Hajjar: “O cenário no Brasil é bastante sombrio”. Antes mesmo de empossá-la, já havia demitido. Essa é a raiz do nosso país no governo atual.