A festa de comemoração da eleição do presidente da Câmara, Arthur Lira simboliza, sem dúvida, o futuro do Congresso Nacional. Sobretudo porque, como vimos, a Comissão de Constituição e Justiça poderá ser presidida pela deputada Bia Kicis (PSL) (ainda em discussão). Bia, como todos sabemos, é investigada no inquérito das fake new, que corre no Supremos Tribunal Federal e, desde o início da pandemia, tem mantido uma postura de negar a gravidade da Covid-19. Ela já publicou vídeos nas redes sociais ensinando a não usar máscaras e incentivou, em dezembro, a população de Manaus a protestar contra as medidas de isolamento social. Sempre foi, também, a macaca de auditório de Trump. Ou seja, um Bolsonaro de saias. Deveria ter começado, a bem da verdade, pela festa promovida por Arthur Lira para mais de 300 pessoas em delírio e sem máscaras. Tinha como convidado, sem dúvida, o mortífero corona vírus. Aliás, diga-se, nessa noite de intensa confraternização, o Brasil ultrapassava a marca trágica de 225 mil mortos pela Covid-19. Diga-se, por oportuno, número superado só pelos Estados Unidos. Que cena degradante a festa dos homens e mulheres que vivem no andar de cima, mais conhecidos por dançarem no salão do famoso “Centrão”. Por isso, é injusto reclamar, como tenho feito, das pessoas que andam sem máscara pelas ruas na terra de Rubem Braga. Os deputados que ali estiveram, e seus asseclas, à unanimidade não só desprezam as máscaras, ignoram o distanciamento e sabotam a vacinação, aliás, única esperança para vencer a pandemia mais devastadores de cem anos.
Percorri uma longa estrada na política. Vivi e convivi com políticos de todos os matizes, mas, talvez, não tenha visto uma elite política tão repugnante diante da tragédia que vivemos. A não ser, me desculpem, que eu esteja muito sensível. Qual exemplo que se dá à população com a festa do beija mão de Lira? O pior possível. Puro escárnio. Ali vivem as pessoas a quem entregamos o nosso futuro. O que esperar do país, pois os deputados que festejavam a vitória são a base de apoio do presidente Bolsonaro, que se propõe a fazer uma série de reformas estruturais. Quer saber? O Brasil, em verdade, vive uma sucessão de tragédias: uma pandemia, um governo inepto e obscurantista e uma classe política que fecha os olhos, cinicamente, diante da morte de mais de 225 mil brasileiros. Afinal, meio sem ritmo, digo: Que Deus nos proteja!