Pois é. As crises se acumulam em nosso país. Grande parte delas é resultado direto não só do negacionismo, mas também e sobretudo da incompetência e da forma despótica de governar. Somos hoje um pária na mão do Centrão. Ora, pouco antes de o procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitar ao STF — e conseguir — a abertura de inquérito para apurar a conduta de Eduardo Pazuello durante a crise da saúde no Amazonas, o próprio ministro da Saúde embarcava a Manaus para “ficar o tempo que for necessário”, sem previsão de “voo de volta”. E isso se deu depois de uma conversa informal com o Procurador. Aliás, um Procurador que ameaçou a população com estado de defesa, para proteger o presidente Bolsonaro. Aras disse que o "agravamento da crise sanitária" poderia justificar declaração de "Estado de Defesa", recurso que ampliaria poderes do presidente. Aras também afirmou que o papel de investigar crimes do presidente é do Poder Legislativo. Quer dizer, o presidente - que o nomeou – não pode ser tocado. Ante a pressão dos procuradores, decidiu mandar o Ministro para o Amazonas, como se fora uma desculpa para proteger o capitão. A grande verdade é que a situação no estado era de abandono cruel, quase um genocídio, e o Ministro pousou rapidamente lá, antes, receitando cloroquina para as pessoas que morriam sem oxigênio. Não me digam que não. O grande culpado de tudo isso é o Presidente, que sempre negou cuidar da pandemia com a ciência. Agora, que sua aceitação vem derretendo, não só aceitou a vacina, assim como está prometendo a volta dos auxílio mensal aos desempregados. Quer dizer, as coisas vêm acontecendo depois que a sua reeleição ficou ameaçada. Brinca com a desgraça do povo. O governo de Bolsonaro é catastrófico em todos os sentidos. Diante de uma pandemia, todas as suas ideias e iniciativas estavam erradas. Sua “nova política” aninhou-se no Centrão, o Brasil virou um pária. A tragédia do Amazonas mostrou que o Palácio gosta de ficar zangado; com João Doria, com a Pfizer, com a China e com quem disser que eles não sabem trabalhar. Porém, reconheço, o capitão chegou ao Planalto pela vontade de 57,8 milhões de eleitores, e a Constituição diz que pode ficar lá até o dia 1º de janeiro de 2023. E que ainda possui seus seguidores. Muitos, reconheço, pulando o barco em busca da vacina. Acho muito difícil, na conjuntura que se aproxima, que a Câmara vote o seu impeachment, pois o Presidente tem poder para corromper o Centrão. Lamentavelmente, somos servidores do Centrão ...