É provável que, daqui a dois anos, a partir de 2022, quando os eleitos estiverem iniciando o segundo ano de mandato, já estejam disponíveis meios de controle — ou ao menos mitigação — dos efeitos do novo coronavírus. Isso quer dizer, portanto, que é mais que legítimo uma firme e permanente cobrança dos eleitores, desde já, sobre os planos dos candidatos a prefeito e vereador para mudanças estruturais nas cidades no ciclo pós-pandemia. Ninguém tocou nem de leve no tema. O violento choque pandêmico obriga a novas abordagens na organização da vida urbana. Não preciso dizer, mas digo, a fragilidade dos ecossistemas, veículos para a transmissão de patógenos, sempre foi aspecto fundamental nas políticas de saúde pública. O coronavírus apenas põe o problema em evidência. Pelo menos é o que penso. Ora, a saúde pública depende do saneamento. No quadro brasileiro de precariedade, parte da solução pode estar na cooperação intermunicipal, já que, no ano passado, 2.200 prefeituras (quase 40% do total) gastaram por dia nos serviços de saúde menos de um real por habitante. Mudanças nos fluxos urbanos também serão necessárias na nova realidade. Significa reprogramar horários de funcionamento de escritórios, comércio, escolas e indústrias nas maiores cidades, com consequências previsíveis na operação do sistema de transporte coletivo intermunicipal. Eleitores precisam cobrar consistência nos projetos dos candidatos a prefeito e vereador. Os eleitos serão responsáveis pelo sucesso ou pelo desastre da vida nas cidades no ciclo pós-pandemia. A degradação das águas, do solo e dos serviços urbanos prosseguirá se não houver convergência nos planos de cidades limítrofes para erradicar a indústria de loteamentos irregulares ou clandestinos. Repito com ênfase. Vocês ouviram algum candidato falar sobre o tema? Precisamos cobrar já que, absolutamente, não somos mais os mesmos. O voto é a arma que dispomos. Ainda.