O cenário é preocupante
2022-08-22 16:14:37
Wilson Márcio Depes
Vivemos momentos de intranquilidade em nosso país. Não fossem os problemas econômicos, sobretudo o desemprego, cada dia que passa temos uma notícia no mínimo bombástica produzida pelo presidente da República. Só para fortalecer o raciocínio: um dia o presidente convoca a população para manifestações contra o Poder Judiciário e o Congresso. Por evidente, contrapondo suas informações, os representantes desses poderes reagem e refutam tais afirmações com a veemência necessária. No outro, muda a situação em face da necessidade de reforma administrativa e tributária que, legal e necessariamente, terão que ser votadas pelo Congresso. No outro dia subsequente, diz que possui provas irrefutáveis de que as eleições para presidente foram fraudadas, uma vez que ele teria ganho a eleição no primeiro turno. A fraude teria sido produzida para propiciar a vitória do candidato de Lula. Naturalmente os tribunais também se defendem de forma veemente, dizendo, sobretudo, que não passa de mais de arroubo irresponsável do capitão. E muito mais. Em síntese, repetindo para não perder o raciocínio central, o cenário é preocupante. Além do coronavírus que está chegando ameaçador e da guerra de preços do petróleo que trouxe o pânico ao mercado financeiro internacional, há os problemas internos: mais de 11 milhões de brasileiros desempregados, o desmatamento da Amazônia batendo recordes, a economia estagnada, o dólar nas alturas, a Bolsa despencando, o PIB de 1,1%. Confesso, por Deus, que não gostaria de estar escrevendo esta crônica sobre esses temas. Mas, como decorrência, outra coisa vem me deixando desolado: é o clima de ódio que vem perpassando a convivência entre as pessoas. Uma simples crítica, a expressão de uma ideia, de um ou outro lado, é motivo de para brigas intermináveis, que, afinal, rematam numa inimizade. O que é muito triste. Ou seja: a democracia deixou de existir até mesmo na convivência pessoal entre amigos. Além de perder amigos, estamos ficando calados para não perdê-los. Tomara que não abafemos a voz, por não ter falado na hora certa aquilo que, pelo menos, pensávamos que fosse certo. Amém.