Os amigos me perguntam por que não escrevo sobre política. A revista não cuida de assuntos políticos. Até que gostaria de emitir alguns comentários a respeito das próximas eleições municipais. Mas sou extremamente zeloso com a linha editorial. Mas, a propósito, podemos nos preparar para as próximas eleições municipais porque elas não vão demorar já que este ano teremos uma série de feriados transformados em feriadão. Dito isso, passemos ao assunto principal da crônica. O velho Braga completou – pelos menos para nós que o mantemos vivo – 107 anos no domingo, dia 12 deste mês. De que forma comemorei? Lendo seu livro 100 crônicas escolhidas. Aí, como ele, resmungo: como consegue ser tão atual?! Lembro-me de uma estória, que poderia ser traduzida como cascata ou ostentação. Estava na Casa do velho Braga, no Rio, para tratar de alguns assuntos referentes ao seu sonho: construir um teatro de Cachoeiro. Depois de ligar e conseguir que Gianni Rato – italiano que conhecia tudo de teatro – viesse à nossa cidade, ele me chamou para acompanhá-lo à TV Globo entregar a sua crônica para o jornal “Hoje”. Todos os dias, por ordem de Armando Nogueira, então diretor geral da Globo, o jornal editava uma crônica do Rubem, na voz de Sérgio Chapelin. Rubem queria uma companhia para entregar a crônica do dia, mas também para reclamar com Armando que “a Globo tá me pagando muito mal”. Encontramos com Armando Nogueira no elevador. Armando, com carinho, passou, docemente, a mão no peito do Rubem. O cronista, todo ressabiado, deu a maior bronca. “Que isso, Armando, tá me estranhando?”. Armando, calmamente, explicou: “Calma, Rubem, só estou passando a mão em você para ver se melhoro o meu estilo”. Rubem, rapidamente, disse: “Se meu estilo é tão bom, por que vocês não me pagam o que mereço”?
Armando, que foi um craque da palavra, sempre considerou Rubem o maior cronista de todos os tempos. Aliás, como todos nós. Parabéns Rubem, e muitas felicidades pelo seu aniversário. Cachoeiro se orgulhará sempre de você. Ah, ia me esquecendo. Rubem manda perguntar ao prefeito Victor quais os jogadores serão homenageados na calçada da fama. Ele precisa de nome por nome. Ah, velha preocupação de cachoeirense...