A quantidade de notícias que avassala a cabeça do leitor não é fácil de suportar, não. O que mais tenho encontrado são pessoas reclamando das más notícias. E não é só. Dizendo que estão angustiados, tristes, deprimidos, sem razão para viver. Alguns não têm coragem de falar. Antes – olha como sou saudosista – as mães puxavam as cadeiras, sentavam nas calçadas e pronto: jogavam os problemas fora. Resolvia? Não sei. Mas faziam uma catarse, aliviando as tensões. Não se falava em psiquiatra, pelo menos em Cachoeiro. Acho que Dr. Café, que morava em Rio Novo do Sul, possuía rudimentos da matéria e ajudava seus amigos. A propósito, esse hábito de puxar cadeiras e sentar nas calçadas, ainda vejo em Guarapari, no calçadão da praia do Morro, principalmente no verão. Só que, agora, conversam sob efeito de um bom som com músicas sertanejas. O Dr. Dráuzio Varella, aos domingos, no programa Fantástico, vem debatendo o tema. Tenho ouvido alguns depoimentos, e o que mais me impressiona é que as pessoas estão perdendo o pudor ao revelar os seus males íntimos. Aliás, passíveis de tratamento, seja com medicamentos ou terapias. Antes, quando se procurava um psiquiatra, a pessoa era tachada de louca, o que inibia o tratamento. O preconceito lançava chamas que faziam com que o doente se recolhesse. Assim, no passado, com a lepra, a tuberculose, enfim. Hoje há cura para esses males que tanto dilaceram o ser humano. Há muito preconceito ainda. Certa feita, numa cidade do interior, o advogado foi defender um cliente que era portador de hanseníase. Até aí, enquanto se falava em hanseníase, o processo corria frouxo. Eu estava vendo a hora que o cliente ia ser condenado sem dó nem piedade pelo ilícito que praticou. Mas o advogado, percebendo a situação, foi contundente: “Meu cliente está com lepra!!!”. Conseguiu a absolvição imediata. Esses preconceitos, que favoreceram esse cliente, atrapalham muita gente que hoje vive em depressão e não se cuida. Muitas vezes acha melhor morrer que viver uma vida tão infeliz. Vamos viver melhor. É, se possível, deixando o preconceito de lado.