Há muito quero tratar aqui neste espaço da intolerância que a política fez – se não exagero pela emoção - com o grande ídolo de todas as gerações, Chico Buarque de Holanda. Só porque demonstrou sua opção política – direito que a Constituição permite num regime democrático – foi execrado pela intolerância da direita que prevalece ainda no país com o ascensão do presidente Bolsonaro. Como Deus escreve certo por linhas tortas, imediatamente foi resgatado com o Prêmio Camões. Chico, que deixou de ser unanimidade nacional por momentos, o que é um absurdo, logo retomará seu lugar porque “Quando o galo cantar amanhã vai ser outro dia”. Fica o registro que estava, como dizia minha avó, “engasgado”.
Passo pra outro assunto. Assiste-se, queira ou não, ao início de um julgamento da Operação Lava-Jato e, como diz o jornalista José Casado, também de todo sistema formatado pela Constituição na organização e separação dos Poderes. O modelo que está aí faliu, como se vê nas coreografias de juízes, promotores, procuradores e advogados, ou ministros de tribunais superiores nos bastidores do governo e no Legislativo. Tudo indica que vamos precisar reinventar, reorganizar os Poderes. Pode ser tarefa política adiável, quase impossível, mas inadiável. Como diz o jornalista, hoje na alta direção de O Globo e que começou sua trajetória em nosso estado, diante dos últimos acontecimentos, “nada será como antes no Judiciário, no Ministério Público e, sobretudo, na Lava Jato.
Mudo. Dramática a situação de Cacá Diegues: escreveu uma crônica em O Globo, no dia 29, logo depois da cirurgia de sua filha, quando tudo era felicidade. A crônica foi publicada no dia 31, no jornal, com uma nota embaixo: “faleceu ontem, depois de não ter resistido o pós-operatório, aos 34 anos, a atriz, roteirista e diretora Flora Diegues.”. Lembrei agora de uma frase de James Dean, que povoou minha adolescência: “Sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã.”