Será que é politicamente correto dizer que não gosta de viajar porque detesta aeroporto? Sim ou não, gosto da pessoas que dizem o que sentem sem se importar com a opinião dos outros. Eu, pelos menos, não suporto aeroporto. Mas gosto de viajar. Não gosto é de perder muito tempo nas estradas brasileiras. É um autêntico tédio. Mas o que pretendo dizer na crônica de hoje é que cada dia as pessoas estão mais preocupadas em ser o que o outro aprova. Como é bom encontrar uma pessoa que não pensa igual a todo mundo, que tem coragem de confessar não só sua ignorância quanto a certos assuntos, como discordar da opinião geral. Durante a campanha presidencial as pessoas se sentiram mais ou menos assim. E vejam o que aconteceu? Tenho encontrado estagiários, na minha profissão, que colocam o cifrão acima de tudo. Se você tiver uma boa biblioteca, pedir para procurar o assunto num livro, é briga pra um ano. Ficam espantados quando compro um livro ou atualizo a biblioteca. Parecem não acreditar que seja verdade, que eu deixe de procurar o assunto on line. Mas, beleza, se for o caso de ler o livro on line, tudo bem. Mas o objetivo é copiar e colar. Quer dizer, pegando o gancho ai de cima, entende o assunto de forma fragmentada, para depois, na hora de se explicar, acaba ficando igual ao nosso presidente. Um psiquiatra amigo meu diz que essas situações têm em comum é que o motivo de uma certa tristeza passa despercebido. Um indivíduo incapacitado de se defender deverá encontrar estratégias para conviver com essa dificuldade, gerando, a maioria das vezes, o que se denomina depressão. E, por assim dizer, cria uma obsessiva preocupação em saber se foi ou não adequada a cada circunstância, se as pessoas o acharam agradável, inteligente, bem vestido etc. Quando deixam de amá-lo ou respeitá-lo, desmorona-se o amor próprio. Por isso, acho, nos dias de hoje, fundamental essas homenagens prestadas por ocasião dos festejos da cidade. Mostram, enfim, que somos amados pelo que somos autenticamente. Até a próxima semana.