Toda vez que passo por uma chancela de pagamento de pedágio, aqui no estado, sinto-me um bobo sendo espoliado pela Eco. E isso acontece praticamente todos os dias. O trabalho exige que eu faça isso. Pior: fico me cobrando por tanta covardia. Faço, mentalmente, um cálculo de quanto essa empresa já arrecadou sem o retorno necessário. Só quando a situação está no auge da pressão é que apresenta alguma coisa e acalma, temporariamente, a população. A Polícia Federal já detectou irregularidades. O Tribunal de Contas da União também. Sim. Mas e daí? Continuamos pagando o nosso pedágio de cada dia. Nesse passo, sinto vergonha de nossos representantes nas diversas Casas. Ficam em silêncio. A OAB, desde que me entendo por gente, nunca falhou. Principalmente no combate à ditadura militar. O presidente da OAB, José Carlos Rizk, propôs ação contra a Eco, visando a que o usuário das rodovias não sejam surpreendidos por aumentos tarifários dos pedágios, incompatíveis com as evidentes/robustas irregularidades e inexecuções contratuais, especialmente em razão das recentes auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União e da operação deflagrada pela Polícia Federal. Ainda me perguntam por que tudo no país é judicializado? Ora, a resposta é clara. Por omissão de quem tem a obrigação de resolver as questões mais básicas da população. Dentro muitos exemplos, o paciente bate às portas do hospital, à beira da morte, para ser operado. A burocracia não permite. Uma hora é o plano que não cobre, outro momento é a direção que vai analisar, enfim. Por isso cidadão vai à procura do advogado, que, por sua vez, bate à porta da Justiça. Isso se vê diariamente. Sábado, domingo, feriado, qualquer dia (ou noite) da semana. Mesmo em busca de decisão para “meus processos”, muitas vezes, como advogado, compreendo o que se denominou lentidão da Justiça. Não estou justificando nada, só estou me colocando no lugar de quem vai julgar. Um pouco de empatia nunca fez mal a ninguém. Só que a paciência com a Eco e seus pedágios já esgotou.