Fiquei sabendo que há mais de uma dúzia de candidatos ao título de cachoeirense ausente deste ano. É uma autêntica eleição. Os personagens são como os mesmos de outras cidades, mas, como dizia o velho Braga sem temer qualquer tipo de equívoco, a diferença é que eles são de Cachoeiro. E isso é uma coisa genial. Lembro-me agora que Jaime Lerner, o maior arquiteto humanista deste país, dizia com insistência definindo o conceito de arquitetura: “arquitetura e o urbanismo só se explicam de uma forma - com o encontro”. Foi por isso, à época, que escolhi a frase de Vinicius de Moraes para colocar numa das paredes do Ponto de Encontro da Siqueira Lima com 7 de Setembro: “a vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro nesta vida”. Usamos muito esta frase por muito tempo na adolescência, mas depois ela ficou desgastada. Virou lugar comum. Mas, pelo que vejo e para minha felicidade, nem tanto assim: é só constatar o número de cachoeirenses ausentes que pretendem receber homenagens e, ao mesmo tempo, reencontrar seus amigos de infância. Mas, afinal, qual é o verdadeiro sentido de nossa festa: claro que é o reencontro. Às vezes, aqui mesmo, fico muito tempo sem ver um amigo, com quem a gente jogou futebol, correu no pátio do Bernardinho Monteiro, nadou no Liceu, tocou na Banda do Taveira, dançou nos bailes da vida, como é bom reencontrá-lo. É o um pouco do sentimento do cachoeirense ausente. Além disso, diga-se, como é bom ser lembrado, ser amado pelos conterrâneos. A nossa autoestima vai lá em cima. Quero dizer, por fim, que o cachoeirense é tão pautado pela filosofia dos Braga que inventou também o cachoeirense presente, eleito pela Câmara Municipal, quer dizer, por aqueles que necessariamente representam o povo. A Festa de Cachoeiro, portanto, se pudesse resumir, é o encontro e reencontro nesta vida tão digital. É um amplo e caloroso abraço eterno.