A frase, por si só, diz muito: os números são contundentes, mas, por trás deles, existem rostos, em geral decisiva e profundamente marcados. Aqui mesmo em nosso estado, a vendedora Janete Cherubim, de 36 anos, espancada e abandonada numa estrada em Dores do Rio Preto. Principal suspeito: o namorado. Fico me perguntando se os casos que têm aparecido na mídia, com mais frequência, são resultado de uma tomada de consciência ou se de fato eles estão aumentando. Na verdade, convenhamos, pouco importa. Não faltam números para traduzir a gravidade e o horror da situação. Mostram os jornais e as estatísticas que mais de 500 mulheres são vítimas de violência a cada hora no país. Li que, de acordo com o Datafolha, os casos de violência contra a mulher via internet vêm aumentando na seguinte proporção: De 1,2% das 1051 entrevistadas em 2017 para 8,2% das 1092 que responderam à enquete este ano. Segundo o portal G1, em 2018 houve ligeira redução (2,7%) do número de assassinatos de mulheres (de 4558, em 2017, para 4254 no ano passado). De qualquer maneira é importante ressaltar que a queda é menor do que a verificada no total de homicídios. O levantamento mostra também que houve aumento de 12% nos registros de feminicídio - de 1047, em 2017, para 1173 em 2018. Sem dúvida que a Lei Maria da Penha e as Delegacias de Mulheres são avanços importantes. Mas não são suficientes. Mesmo nos grandes centros, o atendimento especializado ainda é insuficiente. Precisa ser dito que, e digo na condição de advogado, que não são raros os relatos de mulheres constrangidas e humilhadas ao tentarem registrar suas denúncias em Delegacias comuns. O Estado precisa, urgentemente, ter mecanismos para dar segurança efetiva a essas vítimas em potencial. O que estamos vendo são monstros frequentando essas histórias de horror, cujo roteiro é sempre o mesmo, só muda o nome da vítima.