Wilson Márcio Depes

A briga judicial entre Emescam e Multivix para implantar a faculdade de Medicina em Cachoeiro pode ser resolvida nesta semana. O processo está em pauta no Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Paralelamente, no entanto, é preciso que se diga, que, qualquer que fosse o presidente da República eleito, um dos primeiros desafios a enfrentar é o da formação dos médicos brasileiros. Paradoxalmente, esse quadro convive com o fato de que desde o início deste ano, informa a consultora Andrea Ramal, está vetada pelo MEC a abertura de novos cursos de Medicina pelos próximos cinco anos. Essa “dilatória” tem o objetivo de reavaliar a formação médica no país. Mas a faculdade de Cachoeiro foi autorizada antes da proibição, resta somente a briga judicial.
Informa a consultora que, nos últimos anos, houve uma proliferação de cursos de Medicina: hoje são cerca de 300 no país, que lançam ao mercado mais de 29 mil novos médicos por ano. O problema é que muitos foram abertos sem a devida estrutura, adotando currículos inadequados, com poucos laboratórios e didática longe da ideal. Isso faz com que haja enormes deficiências num número expressivo de médicos recém-formados. Isso é comprovado, por exemplo, pela dificuldade de preencher as vagas de residência médica. Este ano, no exame do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), 40% dos recém-formados foram reprovados. Quase 70% dos médicos não sabiam medir a pressão arterial, e 68% não acertaram os procedimentos que devem ser adotados em pacientes com sinais de infarto.
Claro que não é um olhar pessimista de um cachoeirense que ama a sua terra e aqui ficou. Por evidente que gostaria muito que minha cidade abrigasse uma faculdade dessa importância, desse porte, mas, como disse, tudo depende, sobretudo, da qualidade da formação. Isso é tudo.

Crônica Revista Leia - Publicada em 17/11/2018