2022-08-22 09:32:42

Wilson Márcio Depes

Custei mas consegui uma explicação que me convenceu sobre o “fenômeno Bolsonaro”. Pesquisa feita em 27 países mostra que o Brasil sofreu um recuo na democracia entre os anos de 2015 e 2017. Quem me informa é o velho jornalista Zuenir Ventura. Segundo pesquisador que coordenou a pesquisa, a corrupção sistêmica vem destruindo a democracia brasileira. Mas não é só. O colapso partidário cria líderes populistas com inclinações de extrema direita. Basta dizer – e isso vem passando ao largo do entendimento da maioria, entorpecida por um heroísmo doentio - que um torturador dos mais cruéis, reconhecido até pela justiça, é idolatrado pelo candidato a presidente e pelo seu vice como se fosse um herói. Claro que não é só ideologia, mas sobretudo oportunismo em busca do poder; mas o poder pelo poder. Confesso que me assustei, também, quando o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, nomeou um general da reserva para ser o seu assessor. O ministro tem formação toda ela forjada nas entranhas do PT e a nomeação de um general, no mínimo, é uma decisão para causar perplexidade. Há alguma coisa no ar além dos aviões de carreira, como dizia um velho professor. O céu não é de brigadeiro. Tanto há que o vice de Bolsonaro, com arrogância, vem desferindo as mais absurdas declarações. Falou em “autogolpe”, sugeriu a intervenção militar como solução para a crise política, ao enfatizar que “Por que não vamos derrubar esse troço todo?”. Não satisfeito disse mais: “famílias pobres, sem pai e avô, mas com mãe e avó, são fábricas de desajustados que fornecem mão de obra ao tráfico”. Aliás, como diz, Bolsonaro com sua misoginia, a culpa é da mulher. E não para por aí. Depois de todas as provas da funcionalidade das urnas eletrônicas, o candidato cuspiu nelas e quer a cédula de papel. Não achei que fosse viver para ver isso, depois de tanta luta. Misericórdia, diria minha secretária.

Link da Matéria:
Crônica Revista Leia - Publicada em 22/09/2018