Wilson Márcio Depes

Será que posso falar de política? Pergunto ao meu paciente leitor. Tão próximas as eleições, que não resisto a dar um pitaco. Talvez estas sejam as eleições mais difíceis dos últimos... – não sei se exagero – mas da História do Brasil. E não estou sozinho nessa avaliação. O diretor do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, pensa desse jeito. A grande verdade – é o que a gente vê em cada canto de rua, em cada conversa – que o eleitor está completamente enojado com política. Nunca vi, em toda a minha existência, um eleitorado tão frio, desmotivado, distante e triste. Olha que venho perguntando isso há muito tempo. Como diz o Montenegro “está parecendo água parada”. Os candidatos que a gente traz à opinião do eleitor não mostram qualquer tipo de motivação. Pergunte a você mesmo, meu caro leitor. Em quem você votaria? O Ibope projeta uma realidade dura, mas compreensível. Nem por isso deixa de ser muito triste. Diz o Instituto que 70 milhões provavelmente não votem para presidente, acredita? Ou seja, mais de 30 por cento. Será que a população está decretando o fim do voto obrigatório? São muitas perguntas sem respostas até hoje, quase véspera das eleições. Não fora tudo isso, o nosso governador Hartung, famoso por ser um Maquiavel de novos tempos (?), anunciou publicamente, dias atrás, que não seria candidato à reeleição. No curso desta semana, ao que tudo indica, voltou atrás, sem qualquer motivo que justificasse isso, a não ser a velha conversa de político. Não que não tenha direito de fazê-lo. Mas tal comportamento aumenta o percentual de abstenção dito anteriormente, porque o eleitor se sente enganado e manipulado. Mas vamos vivendo, como diz o otimista, é um dia a menos. Como diria o filósofo, a madrugada nunca encontra o homem onde a noite deixou.

Crônica Revista Leia - publicada 28/07/2018