Wilson Márcio Depes

A decisão do governador Paulo Hartung em não disputar a reeleição deve ser olhada com muita prudência e serenidade, porque é surpresa. Vai mudar de opinião? Hartung é um profissional da política e todo cuidado é pouco. Mas razões são múltiplas para a decisão. Analiso uma. Se Hartung ocupasse, hoje, uma posição confortável, claro que ele não teria qualquer dúvida em disputar o pleito. Mas não é o caso. Seu maior adversário, Renato Casagrande se encontra empatado com ele nas pesquisas. Isso deve ter pesado muito, se não for o fator principal. Claro que que não pretende encerrar sua carreira. Os seus 60 anos prometem uma longa estrada pela frente. Mas quem seria o candidato de Hartung, aquele que pode tracejar um espaço para seu futuro? Para nós, cachoeirenses, Ricardo Ferraço (que possui suas raízes aqui) seria o ideal, pois o município, que já ocupou uma posição de destaque no cenário estadual, hoje está relegado a um panorama de perplexidade principalmente do ponto de vista econômico. Porém, Ricardo vem de um trauma vivido, no passado, exatamente com Hartung, quando viu seu sonho de ser candidato engolido pela astúcia de Hartung. Isso estará pesando na sua decisão, quando o governador o aponta como favorito à sua sucessão. Não conheço, até hoje, senador que não queira governar seu estado. Ricardo deve estar vivendo momentos de angústia, um conflito dos maiores da sua vida pública, mas a vida de todo mundo, não é só na política, é feita dessas escolhas. Dizer que ele não tem chances é uma mentira. Pode ser até o novo na política capixaba, vindo para o campo sem os desgastes que Hartung hoje ostenta de algumas áreas, como o da Polícia Militar. Por certo, caso Ricardo aceite disputar o pleito nessa condição, uma nova configuração de apoio será desenhada. Podendo, inclusive, ser mais ampla que a de Hartung, mas tendo ele como carro chefe. O assunto para profissional.

Artigo publicado em 11/07/2018 - Jornal o Fato