Wilson Márcio Depes
Claro que o espaço não comporta os assuntos que estão fervendo em nossa cabeça. Temas que vão desde o estrago que uma chuva traz para nossa cidade – aliás cidade tão amada e decantada pelos nossos cachoeirenses ilustres às vésperas da Bienal Rubem Braga – até mesmo as próximas eleições que se aproximam com uma velocidade que chega a assustar àqueles que sequer possuem candidato. Ah, temos ainda a Copa do Mundo. As chuvas mostram, apenas, as velhas tragédias de uma cidade que não respeita as mais elementares normas de um plano de desenvolvimento local integrado. A cidade cresce sem qualquer orientação, totalmente desordenada. Administrador nenhum quer organizá-la porque fica acossado pelos problemas graves e urgentes. É como se fosse parar no meio de uma corrida. É atropelado pelas vaias de quem precisa resolver – com razão - seus problemas aqui e agora. O que fazer? Claro que temos as equipes de emergência, mas a cidade necessariamente precisa de uma orientação, pessoas que possam pensa-la não só hoje, mas para amanhã, sob pena de grandes tragédias. Quando Jaime Lerner, o maior urbanista deste país, veio aqui fazer uma palestra, disse, após uma rodada pela cidade: “Cachoeiro é um grande desafio e gosto desafios”. No trânsito, por exemplo, as intervenções são pontuais. Esquecem os administradores que o trânsito é um indutor do crescimento da cidade. Não, não estou mal humorado. Não pode ficar bem humorado quem circula pela cidade com esse trânsito caótico, principalmente em dias de chuva. Não pode ficar feliz quem caminha à pé por uma cidade que sequer possui calçadas. A cidade tem que ser projetada não só para o automóvel, mas, principalmente, para o homem que anda à pé. Desculpe pelo desabafo, mas como diria o velho Braga: “vida fora daqui foi apenas uma excursão confusa e longa; moro aqui. Na verdade onde posso morar senão em minha casa?