Wilson Márcio Depes

O assunto aparentemente está requentado. No mesmo modo que repudio – aliás, todos nós - a atitude da desembargadora Marília Castro Neves, que publicou notícias falsas sobre a vereadora assassinada Marielle Franco – sugerindo que ela poderia ter ligações com bandidos do Comando Vermelho – e ter menosprezado uma professora com síndrome de Down, o faço em relação ao candidato Bolsonaro, que aparece bem colocado nas pesquisas. As situações são aparentemente simples para a desembargadora: vai a sua página na rede social e faz uma mea culpa. O candidato da “bancada da bala”, no entanto, não quer conversa. Seus colegas já lhe avisaram que é para diminuir a violência de seus discursos, principalmente porque dispõe de poucos minutos na TV para propaganda eleitoral. Mas ele não aceita e sequer escuta. Pensa que o discurso violento e preconceituoso é o que lhe traz resultado. Lembra períodos terríveis da ditadura militar, mas como a memória do povo é curta... O que os colegas aconselham ao Bolsonaro é que o discurso dele fique no limite das questões da segurança pública, mas seu temperamento vai além. Maquiavel aconselhava ao Príncipe: “Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis”. Ando, assim, à procura de meus candidatos a poucos meses da eleição. Tarefa que poderia ser fácil, por eliminação, mas se tornou muito difícil por isso mesmo. Não venho colhendo bom exemplo dos nossos líderes. Mas, por favor, isso não quer dizer, absurdamente, que tenho saudades do regime militar. Vivo hoje sem preconceito. Só que não acredito, enfim, no pedido de desculpas da desembargadora na iminência a de ser punida. Vou rezar. E talvez abrir um bar, como queria Antonio Callado.